Kafka encontra-se com Machiavel: pós-guerra, pós-transição na Eslavônia Oriental

Como ainda existe uma grande expectativa sobre o que vai ocorrer em Kosovo e Sérvia, a Eslavônia Oriental oferece uma experiência sobre transição e prazos a serem cumpridos que pode nos servir como exemplo. Cada caso possui suas especificidades em termos históricos e políticos e quanto à natureza da intervenção internacional. Contudo, as questões sobre transição e direitos das minorias são típicas em toda a região. Embora a Eslavônia Oriental seja uma das regiões pertencentes à ex-Iugoslávia que sofreu um dos conflitos mais violentos na guerra servo-croata em 1991, atualmente apenas poucas agências humanitárias internacionais permanecem no local. O acordo de Dayton de 1995 estipulou o período de um ano de transição para a sua reintegração à Croácia, sob a tutela de uma missão especial da ONU (UNTAES). Com base em um extensivo trabalho de campo, esse artigo analisa de maneira detalhada as limitações do trabalho da ONU junto às estruturas sociais e civis e descreve a rede kafkiana de obstáculos legais e burocráticos, além da discriminação econômica e de outros tipos que grupos minoritários estão agora enfrentando ao morar ou retornar à Croácia. Sem um compromisso firme do governo para oferecer um tratamento verdadeiramente igualitário e justo a todos os cidadãos, o modelo violento de "limpeza étnica" pode voltar a se repetir.
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