Volume 19

  • Refletindo sobre as observações dos esquemas de orçamento participativo na região andina da América do Sul, este artigo argumenta que as declarações e comportamento daqueles que participam das reuniões do orçamento participativo devem ser compreendidos como forma de desempenho público que frequentemente difere significativamente dos “discursos por trás dos bastidores” dos participantes quando eles não estão mais atuando em público. Acima de tudo, a priorização generalizada de projetos de infraestrutura de pequena escala que envolvem grandes volumes de cimento destaca as maneiras pelas quais os participantes das reuniões de orçamento participativo de maneira silenciosa mas estrategicamente adaptam esquemas externos e políticas para seus próprios objetivos e estratégias.

  • Este artigo examina a natureza do protesto social realizado por uma organização indígena da amazônia contra companhias energéticas internacionais que estão trabalhando no Peru. Ele analisa a resposta de ONGs peruanas e internacionais às atividades do grupo indígena e contesta certos estereótipos a respeito da natureza da ação coletiva indígena e percepções da comunidade. Em particular, ele focaliza a forma como funcionários da ONG tentam explicar o fracasso da organização indígena em mobilizar e sustentar um protesto coletivo. O texto destaca a dissonância entre uma romantização da indigeneidade e a realidade vivida de grupos indígenas. Ele defende o uso de estudos antropológicos e teoria de movimento social para explorar os limites para a mobilização indígena e sugere seu uso para planejamento de iniciativas mais sensível. Como a demanda por petróleo e gasolina cresce em todo o globo e os governos nos países em desenvolvimento buscam aumentar os ganhos com indústrias extrativas lucrativas, os confrontos entre grupos indígenas e companhias energéticas provavelmente aumentarão. A necessidade de um engajamento sensível entre ONGs e grupos indígenas é, portanto, de extrema importância.

  • Em 2003, a Lutheran World Relief (LWR), ONG internacional de alívio humanitário e desenvolvimento, lançou uma iniciativa para construção da paz na Colômbia. Eles promoveram a formação de uma parceria entre igrejas santuárias da paz na Colômbia e seis comunidades de fé da Região Centro-Oeste dos EUA, coordenada por funcionários da LWR. Essa parceria, chamada Sal y Luz (sal e luz) tem o objetivo de educação e advocacy na Colômbia e nos EUA. A Sal y Luz representa um poderoso exemplo de solidariedade transnacional para paz. Existem também implicações e lições desse estudo de caso para a área mais geral do trabalho de construção da paz de uma ONG. O modelo de Sal y Luz de construção da paz traz benefícios em termos de accountability e efetividade de ONGs na construção da paz. A inovação-chave do modelo é como a LWR efetivamente ajudou seu eleitorado dos EUA a compreender e tornar-se mais envolvido no trabalho de construção da paz.

  • Este artigo analisa as práticas de mudança social da Minga Perú, uma ONG da Amazônia Peruana que promove a igualdade de gênero e a saúde reprodutiva por meio de transmissões de rádio e intervenções comunitárias. Essa análise, baseada em métodos de pesquisa participativa, revela uma abordagem feminista e equitativa em termos de gênero, permitindo aos participantes assumir o papel de líder em vez de sujeito de pesquisa passivo. Além disto, tais métodos de pesquisa participativa ajudaram a empoderar os indivíduos e suas comunidades na Amazônia Peruana, incentivando o desenvolvimento de dinâmicas de grupo e liderança mais produtivos.

  • A falta de capital de giro prejudica a comercialização coletiva de recicláveis. A exclusão social e restrições burocráticas impedem que os recicladores tenham acesso a empréstimos bancários oficiais. Como eles continuam a depender de intermediários, o ciclo da pobreza, dependência e exclusão é perpetuada. O artigo discute a comercialização coletiva e o fundo de micro-crédito criado entre 30 grupos de reciclagem na cidade brasileira de São Paulo. Um comitê de oito mulheres recicladoras gerencia este fundo. O artigo contextualiza reflexões sobre empoderamento e desenvolvimento baseado na comunidade, aplicando a estrutura teórica da economia social e solidária. A autora por fim sugere que estruturas de governança inclusivas têm o potencial de gerar uma maior justiça e sustentabilidade.

  • Este artigo discute os desafios éticos enfrentados por antropólogos que estejam trabalhando como especialistas em empresas de mineração e no turismo e soluções alternativas que sejam coerentes com os princípios éticos de sua disciplina.

  • Um seminário foi realizado em fevereiro de 2008 para identificar o papel de organizações da sociedade civil (CSOs) após a agenda de ajuda da Declaração de Paris, antes do Fórum de Alto Nível para revisar o progresso em relação a alcançar harmonização de ajuda realizada em Accra em setembro de 2008. O artigo destaca as várias preocupações sobre o foco nos mecanismos em vez do propósito dos impactos da ajuda; as formas como os doadores forçam suas próprias agendas; e a lacuna contínua entre retórica e prática sobre questões como igualdade de gênero e propriedade local.

  • A experiência de gestão de recursos baseados na comunidade adaptativa sugere que o desenvolvimento da resiliência nos sistemas humanos e ecológicos é uma maneira efetiva de lidar com a mudança ambiental. O fenômeno do El Niño está cada vez mais sinalizado antes de seu início. Argumentamos que é benéfico prestar atenção em alertas de danos em potencial e intervir na sociedade para possivelmente evitar impactos ecológicos e sociais negativos extremos, que podem dar início a stress sócio-político e sofrimento humano generalizado. O El Niño de 2004 na ilha de Bohol nas Filipinas é utilizada como exemplo de intervenção bem-sucedida.

  • Este estudo sobre o impacto do comércio justo baseia-se nos novos dados de área de cooperativas de café e banana no Peru e Costa Rica, incluindo uma avaliação detalhada de seus efeitos de bem-estar social por produtores de Comércio Justo com produtores rurais que não são do comércio justo como um sinal de medida. A atenção é concentrada em três efeitos principais: (a) impacto tangível direto de arranjos de Comércio Livre sobre a renda, bem-estar social e meios de subsistência de famílias rurais; (b) efeitos indiretos do comércio livre para melhorar o acesso a crédito para melhorar o acesso à crédito, estoques de capital, investimentos, e atitudes para o risco; e (c) implicações institucionais do comércio justo para organizações de produtores rurais e externalidades para emprego local e regional, barganhando e negociando condições. Embora os efeitos de renda líquida direta permaneçam bastante modestos, benefícios importantes são encontrados para incluir a capitalização de produtores rurais e está fortalecendo suas organizações.

  • As parcerias podem alcançar resultados, mas elas não se desenvolvem tranquilamente. Os membros devem explorar suas diferenças antes que elas possam ter um bom desempenho juntas. Algumas agências olham internamente para suas próprias prioridades e esperam que seus parceiros as sigam. Isto leva a um misto de cooperação e competição. Outras organizações voltam-se para fora e buscam por parceiros que possam contribuir para resultados compartilhados. Elas se vêem como as outras as vêem. Elas não olham para trás para se certificar de que as outras estão seguindo-as. Isto leva a um misto de respeito mútuo e reciprocidade que é tão importante para o sucesso quanto um acordo de cooperação primorosamente realizado.
     

  • Os efeitos da legislação de combate ao terrorismo sobre organizações da sociedade civil (CSOs) situadas no hemisfério sul receberam pouca atenção na literatura mais geral. Este artigo relata sobre as constatações de uma série de workshops internacionais para examinar os efeitos de tal legislação adotada no Líbano, a Kyrgyz Republic, India e Países Baixos, Reino Unido e os EUA. A evidência apresentada nestes seminários sugere que a legislação contrária ao terror está prejudicando o trabalho da sociedade civil de maneira complexa e interrelacionada.

  • Embora haja quase uma unanimidade sobre a necessidade de participação, não há ainda tal acordo sobre o tipo e grau de participação a serem adotados nos projetos. Algo do qual nunca se duvidou é o fato de que as pessoas locais ainda não receberam o devido reconhecimento e respeito por parte da maioria das agências de intervenção, daí o fracasso de alguns projetos. Assim, como é o desempenho de um projeto que busca abordar questões de cidadania, participação e accountability utilizando uma variedade de metodologias participativas, especialmente em relação ao pano de fundo de uma sociedade multi-étnica, multi-religiosa e politicamente complexa como a Nigéria? Este artigo examina o uso dessas metodologias, destacando questões extraídas e os sucessos e limitações dos resultados para pesquisa futura. Efetivos como os métodos parecem ser, houve muitas perguntas e questões não respondidas além do mandato imediato do projeto que requerem atenção afim de que as comunidades avancem em direção a um desenvolvimento genuíno e acabem com a exposição aberta de agressão inapropriada que às vezes ocorre.

  • Este artigo defende o uso da comunicação participativa na pesquisa. Ele introduz a comunicação participativa como uma abordagem coordenada por cidadãos para criar e expressar conhecimento; dentro da pesquisa isto significa que os pesquisadores não são simplesmente responsáveis por gerar informações e comunicar sobre elas, nem estão eles agindo sozinhos. A partir desta perspectiva, a ênfase da comunicação participativa está na comunicação em vez da extração ou entrega de informações. Métodos participativos podem comunicar resultados de pesquisa de novas maneiras e adicionar profundidade e significado para as articulações do conhecimento. Esse conhecimento pode facilmente “perder-se na tradução” quando os resultados são sintetizados ou comunicados por meio de produtos de pesquisa convencionais apenas.

  • Apesar de sua longa história em diferentes países, a “comunicação dos cidadãos para mudança social” é pouco conhecida nas instituições acadêmicas e sociais espanholas e, assim, poucos profissionais da comunicação sabem como abordar e realizar planejamento profundo de comunicação para o desenvolvimento. Desde a década de 1990, ainda há uma crescente necessidade de se desenvolver uma comunicação participativa verdadeira na sociedade espanhola. Este artigo descreve as razões principais para essa falta de conhecimento generalizada e oferece uma pequena “cartografia” da área para avançar em direção ao reconhecimento completo do setor na Espanha.

  • Os movimentos sociais têm gerado interesse nos círculos de desenvolvimento desde meados da década de 1990 como expressões relativamente independentes da sociedade civil, mobilizando pessoas para definir suas próprias prioridades de desenvolvimento e agendas para questões tão diversas quanto privatização da água, políticas comerciais neoliberais, direitos das mulheres e indígenas e acesso a tratamento com anti-retrovirais para HIV. No caso do HIV e AIDS, iniciativas independentes da sociedade civil têm sido chave para respostas bem-sucedidas. Movimentos sociais de pessoas portadoras do HIV e AIDS, homens homossexuais, mulheres, trabalhadores do sexo e pessoas que utilizam drogas injetáveis têm desenvolvido instituições inovadoras e respostas ao HIV e AIDS e têm se organizado contra o estigma e a discriminação. Ao reunir as pessoas e realizar a advocacy efetivamente, os movimentos sociais têm dado mais voz ativa às pessoas mais afetadas pelo HIV, capacitando-as para que influenciem governos e tomadores de decisões.

  • Em meio aos processos em direção à democratização, tem sido afirmado que a rádio alternativa possui um papel central no desenvolvimento dos pobres enquanto cidadãos. Contudo, é importante analisar detalhadamente quais possibilidades uma rádio alternativa ou de cidadãos possui para fortalecer ideias de cidadania e transformar o espaço público em um público crítico e ponderado em locais urbanos. Este artigo concentra-se em uma estação de rádio católica local em Huaycan, uma favela na periferia de Lima. Ele descreve o trabalho jornalístico da rádio, mostrando exemplos de como eles mobilizam líderes locais e monitoram processos democráticos, tais como eleições municipais e o orçamento participativo do distrito. Além disso, ele mostra como o público utiliza a rádio para canalizar suas reclamações. Ele também identifica os fatores que impedem a rádio de empoderar completamente o público e transformar o espaço público em um espaço mais crítico e democrático.

  • Este artigo busca compreender as restrições que os agentes de mídia enfrentam no seu trabalho do dia-a-dia em Acholiland, norte de Uganda, e identificar as estratégias que eles adotam para manter um espaço para diálogo e debate. Dois estudos de caso revelam que é difícil ver como os agentes de mídia neste ambiente de conflito podem desempenhar um papel significante em manter o governo dominante responsável e promovendo o desenvolvimento da paz quando eles estão enfrentando leis de mídia repressivas, intimidação, falta de informações e apoio gerencial fraco. Este artigo pede por políticas para apoiar as lutas diárias de agentes da mídia, tais como a adoção do Mecanismo Africano de Revisão por Pares – um instrumento utilizado para auto-monitoramento feito por países participantes da Nova Parceria para Desenvolvimento da África. Então, a investigação afasta-se de questões de censura para investigar o que pode ser feito para apoiar as lutas diárias de agentes da mídia que estão constantemente negociando seu caminho em um labirinto de restrições.

  • A mídia de comunidade representa um insumo crucial nos processos de desenvolvimento, desempenhando um papel importante na democratização, lutas sociais e conscientização. Mas ela frequentemente enfrenta dificuldades nos níveis financeiros e legais devido às limitações criadas por leis de mídia nacional. Este artigo mostra a conexão entre a comunicação da comunidade e o desenvolvimento humano. Ele oferece sugestões para defensores e comunidades de desenvolvimento relativas a advocacy para um ambiente de políticas apoiador da mídia da comunidade. Ele reflete sobre o processo de licenciamento e sustentabilidade financeira dos projetos. Para demonstrar como a política de mídia pode ser remodelada de maneira prática para atender às necessidades da sociedade civil, dois estudos de caso são considerados: o Reino Unido, onde o regulador de comunicações abriu um processo para licenciar rádios de comunidade; e o Brasil, onde milhares de estações da comunidade “ilegais” estão enfrentando repressão, mas onde o regulador inaugurou um processo de consulta com praticantes.

  • Telefones celulares já têm sido utilizados amplamente no mundo todo para ativismo, desenvolvimento social e econômico e novas formas culturais e comunicativas. Apesar deste uso generalizado dos telefones móveis, eles permanecem um fenômeno relativamente não-teorizado e não-discutido na mídia da comunidade e do cidadão. Este artigo avalia como os telefones móveis têm sido utilizados pelos cidadãos para criar novas formas de expressão e poder. O enfoque específico é o uso de telefones móveis no desenvolvimento da comunidade, como por exemplo a Grameenphone, agricultura e mercados, a comunidade diáspora filipina, atendimento de saúde para casos de HIV/AIDS e telefones móveis no trabalho de ativismo e enquanto mídia. Argumenta-se que telefones móveis formam uma zona de contato entre conceitos tradicionais de mídia de comunidade e de cidadão, por um lado, e movimentos emergentes em cidadania, democracia, governança e desenvolvimento, por outro lado.

  • Este artigo utiliza o exemplo de uma plataforma móvel de mídia mista – um rickshaw (tipo de carroça puxada por homens e utilizada para transporte de pessoas) conversível de três rodas –no Sri Lanka para explorar se e como as atividades de criação de conteúdo podem permitir que comunidades marginalizadas tenham uma voz ativa. Ele baseia-se em pesquisa sobre atividades de criação de conteúdo participativo conduzida em 15 locais da Índia, Indonésia, Nepal e Sri Lanka. Os principais resultados são: a necessidade de se prestar atenção no contexto quando se está pensando sobre o que poderia ser localmente apropriado, relevante e benéfico em termos de criação de conteúdo participativo; os benefícios que podem ser obtidos através de criativamente se alcançar  e engajar grupos marginalizados e incentivar uma diversidade de vozes; a utilidade do conteúdo produzido localmente para gerar um debate local sobre questões locais e os benefícios de se incentivar a participação em todas as fases da criação do conteúdo, de modo que o conteúdo seja localmente significativo e possa levar a uma mudança social positiva.

  • A comunicação e seu papel no desenvolvimento e mudança social ainda são mal compreendidos e apoiados por grandes agentes de desenvolvimento, apesar de décadas de práticas inovadoras e resultados positivos. A distância entre o discurso e a ação, métodos de avaliação ultrapassados, prazos curtos, burocracia e relações de poder, combinados com modelos de comunicação verticais e externamente orientados, e a confusão entre informação e comunicação, impedem que doadores de desenvolvimento dêem apoio a iniciativas de comunicação participativas e que pertençam e sejam gerenciadas pela comunidade. Com base em décadas de experiência e observação, quatro recomendações-chave são feitas para se transformar a profissão de comunicação em ensino superior e em agências doadoras e de desenvolvimento.

  • Los medios de comunicación e información ciudadanos no se utilizan apropiadamente ni en la política ni en la práctica del desarrollo. Además, estos tienden a desestimar el trabajo relacionado con el desarrollo porque creen que éste no domina de manera adecuada los procesos sociales, culturales y políticos para que puedan contribuir a una transformación real. En la introducción a los ensayos de este número especial, los editores invitados exponen que los medios de comunicación hacen más que permitir que voces diversas se escuchen en esferas políticas plurales. También influyen en los procesos de construcción social y cultural al redefinir normas y relaciones de poder excluyentes. Poseer o controlar los medios locales puede permitir que las personas ganen espacios donde expresar sus voces.

  • Dada a importância da comunicação para a sociedade, que “detém” a mídia, quem consegue falar em nome de quem, e para quais fins são questões cruciais. A regressão da mídia “predominante” dos “cães de guarda” das democracias para empreendimentos de negócios resultando em “refeudalização da esfera pública” Habermasiana é preocupante. A mídia da comunidade torna a engajar as comunidades na periferia, abrindo possibilidades para mudança social. O domínio dos agentes das correntes predominantes na governança da mídia, agravado por preocupações de sustentabilidade das empresas de base, resultam em legislação que impede a potencialidade do acesso à mídia da comunidade e a participação – como mapeado neste artigo com o caso da luta do rádio da comunidade na Índia.

  • As rádios podem ajudar a estimular melhor a governança. Contudo, organizações de radiodifusão administradas pelo estado no hemisfério sul são normalmente despreparadas para seu papel de serviço público em novas democracias. Elas frequentemente são mal financiadas em comparação com suas rivais novas e comerciais e frequentemente são ainda limitadas pelas mesmas “regras do jogo” que as regeram antes da era democrática. As emissoras permanecem tipicamente subordinadas ao governo e não aos seus ouvintes, e promovem os interesses e agendas da elite política. Este artigo concentra-se nas experiências de suporte do DFID a um programa de rádio no norte da Nigéria que buscou melhorar a comunicação e debate entre o governo e o eleitorado. O artigo argumenta que existem circunstâncias legítimas para parceiros de desenvolvimento engajarem-se com veículos de mídia controlados pelo estado, não apenas em áreas rurais onde emissoras comerciais não possuem incentivo financeiro para estabelecer estações e fornecer programas que tenham relevância para os pobres. Os autores examinam criticamente as lições aprendidas com o suporte do DFID e identificam medidas que poderiam ajudar iniciativas semelhantes no futuro.

  • O artigo examina a noção de desenvolvimento como autodeterminação no contexto de politização atual dos assuntos dos indígenas. Ele analisa as conexões entre estudos de desenvolvimento, movimentos sociais indígenas e práticas de mídia da comunidade; e mais especificamente entre visões específicas sobre desenvolvimento, autodeterminação e identidade, e como estes termos tornam-se incorporados em práticas de trabalho de mídia específica (vídeo). O artigo resume dois estudos de caso da produção de mídia indígena em um contexto transnacional: o projeto financiado pela UNESCO sobre Tecnologias de Informação e Comunicações para Diálogo Intercultural: Desenvolvendo Capacidades de Comunicação dos Indígenas (ICT4ID) e a emergência e consolidação da CLACPI, uma rede de produção de mídia indígena na América Latina.

  • Um processo de Aprendizado de Ação integrado com a Abordagem de Capacidade de Sen pode apoiar agências de desenvolvimento a formular intervenções que aumentam a liberdade. Os autores mostram que colocar esta abordagem em prática possui implicações importantes para a maneira como o “desenvolvimento” é realizado como um projeto ideológico. Isto pode ajudar a examinar e desafiar aqueles que detêm o poder no desenvolvimento—os guardiões. Este resultado provém de um processo de Aprendizado de Ação Emergente que foi iniciado aplicando-se os princípios de Sen para entrevistas com enfoque de grupo com mulheres que cuidam de pessoas afetadas pelo HIV e AIDS. Um dos resultados destes grupos de enfoque foi que os participantes valorizaram o processo porque ele abriu um espaço para eles influenciarem o trabalho da ONG implementadora. Essencialmente, eles poderiam manter a agência implementadora responsável. Reflexões sobre este resultado pela agência levaram a mudanças importantes nos processos que são mais apoiadores da liberdade.
  • Este artigo examina as condições variáveis do conhecimento, percepções e atitudes dos moradores de vilarejo em relação às tarefas e relações de gênero no decorrer do tempo. Os dados foram coletados da região leste de Bangladesh por meio de pesquisa e entrevistas aprofundadas. Os resultados mostram que o conhecimento sobre discriminação, empoderamento e violência contra as mulheres e questões maritais aumentou incrivelmente e as atitudes sobre estas questões, inclusive as percepções gerais em relação aos homens e mulheres mudaram positivamente, mas não mudaram tanto quanto era esperado. Normas, valores, cultura e estruturas sociais patriarcais tradicionais ainda foram reconhecidas como barreira à igualdade de gênero.
  • Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa quantitativa/qualitativa sobre as dinâmicas de “aprendizado transformativo” e de “mudança de mentalidade” entre representantes da comunidade rural que estão participando do Programa de Solidariedade Nacional do Governo do Afeganistão [NSP]: uma iniciativa orientada para a comunidade que engloba toda a nação para reabilitar a infraestrutura do país. Baseando-se em estruturas para “aprendizado transformativo” proposto por Mezirow (1990) e Freire (1993), e “mudança de mentalidade” proposto por Gardner (2004), argumenta-se que o NSP catalizou o aprendizado de desenvolvimento transformativo através de (1) sua sensibilidade às necessidades expressas e interesses dos participantes do projeto; (2) engajamento de representantes da comunidade como parceiros de desenvolvimento ativos; (3) delegação da responsabilidade gerencial do projeto durante todas as fases; (4) provisão de espaço social para reflexão e análise crítica; (5) oportunidades para se alcançar resultados de projeto que sejam significativos, atrativos e lucrativos; e (6) características de programa compatíveis com as realidades sociais e culturais da zona rural do Afeganistão.
  • Este artigo examina o impacto da profissionalização das ONGs sobre quem trabalha em ONGs e por quê. Com base em uma pesquisa aprofundada de funcionários de 20 ONGs de advocacy na Jordânia, ele demonstra o impacto da profissionalização em termos de gênero. A maioria dos funcionários de ONGs são mulheres altamente instruídas, frequentemente instruídas no Ocidente, que trabalham em ONGs principalmente devido às oportunidades de carreira e porque são atraídas pelos objetivos das ONGs. Contrastando com a literatura existente, este artigo argumenta que as considerações sobre gênero, tais como flexibilidade de emprego para acomodar os deveres familiares, têm menos influência para determinar por que as mulheres buscam trabalho em ONGs e sua satisfação no trabalho.
  • Este estudo de caso etnográfico aborda a questão de como as mulheres da sociedade patriarcal de Jopadhola no leste de Uganda lembram das três décadas de guerra civil e violência e sobreviveram às suas consequências. Quando a guerra terminou, pouco mudou para estas mulheres, que ainda estão expostas a uma violência contínua baseada na questão de gênero e continuam a utilizar as mesmas táticas que, durante a guerra, permitiram que elas de alguma forma vivessem com seu sofrimento. O Projeto de Mifumi, uma ONG indígena fundada por uma das mulheres cuja história de vida foi registrada para este artigo, começou a ajudar as mulheres de Jopadhola a melhorar sua qualidade de vida atualmente. Ao reconstruir o capital humano e social delas, esta ONG está também criando espaço para as mulheres cicatrizarem suas memórias de guerra.
  • Este artigo examina a experiência de serviços urbanos privatizados de fornecimento de água e esgoto na Turquia, focalizando o caso de três cidades que optaram por tal privatização. O artigo inicia-se com o exame da gestão dos serviços urbanos de água e esgoto na Turquia e explora o desenvolvimento dos serviços de água e as políticas de água em instituições públicas locais. A segunda seção introduz estudos de caso de cidades que transferiram a gestão, operação e manutenção de serviços urbanos de água para operadores privados.
  • Este artigo destaca as lições aprendidas com a pesquisa de campo e análise relacionada, para abordar três aspectos fundamentais do desenvolvimento que são frequentemente omitidos: cultura e governança, desenvolvimento inclusivo, e abordagens baseadas no mercado. Todos os três casos abordam questões da pobreza e desigualdade. Além disto, o papel crucial das instituições na governança e desenvolvimento também é destacado. Finalmente, acabando com a lacuna entre cultura, economia e sociedade através destas abordagens, políticas e programas de desenvolvimento melhores e mais efetivos podem ser formulados e implementados.
  • Este é um estudo de caso de um projeto de desenvolvimento local integral combinando elementos de agroecologia, comércio justo e finanças conservadora em termos de risco operada em parceria entre uma organização de base e uma organização promotora. Concluímos que a confiança é um elemento-chave na transição de uma unidade econômica familiar rural tradicional para uma empresa familiar. Nós refletimos sobre a necessidade e os limites para que os projetos de desenvolvimento atendam à complexidade da pobreza estrutural. O texto conclui com uma exortação à experimentação do valor na prática de desenvolvimento, com responsabilidade ética e em termos que isto possa ser compartilhado na arena pública mais ampla.
  • Este artigo apresenta uma abordagem abrangente para promover a transferência da pesquisa para a prática. Ele abrange três questões principais de importância: as atividades devem ser vistas como parte de um esforço de longo prazo em vez de eventos únicos isolados; existem muitos públicos que podem fazer uso dos resultados de pesquisa de várias maneiras; e existem muitos modos pelos quais o processo pode ser promovido.
  • Compreender a variabilidade local em contexto e mobilizar a participação local para definir as agendas de desenvolvimento são estratégias de desenvolvimento amplamente aceitas. Permanecem, porém, desafios significativos para a sistemática e para a inclusão efetiva de comunidades e famílias locais. O projeto MAPLAN, um projeto-piloto do Ceará, Brasil, é um esforço conjunto do setor público e da sociedade civil destinado a criar um processo de planejamento de desenvolvimento participativo que integra variações contextuais de nível local. Neste esforço, o uso de um Sistema de Informações Geográficas Participativas (PGIS) estimula a participação de membros da comunidade na análise de suas necessidades, objetivos e prioridades. A visualização desses fatores através de mapas facilmente compreendidos promove a comunicação e contribui para um processo de planejamento democrático e transparente, permitindo assim a articulação de prioridades locais com o aparato de planejamento em nível de estado. O MAPLAN representa parte de um paradigma de mudança para o planejamento de desenvolvimento rural no estado e oferece as ferramentas para incluir efetivamente a voz do cidadão na política de desenvolvimento.
  • O Fundo de Alívio da Pobreza do Tibete (TPAF) tem trabalhado na Região Autônoma do Tibete da República Popular da China desde 1998 para aumentar a renda e ativos dos tibetanos rurais. Desde o início o TPAF reconheceu que uma alta taxa de morbidade e mortalidade era uma limitação nos esforços dos Tibetanos rurais para melhorar os meios de subsistência. Intervenções precoces para treinar médicos e parteiras da cidade não foram sustentáveis. Em 2005, em parceria com autoridades de saúde locais, o TPAF lançou uma estratégia de Comunicação de Mudança de Comportamento (BCC) para desenvolver a capacidade de moradores do vilarejo de melhorar as práticas de saúde e higiene e fazer escolhas bem-informadas sobre o uso de serviços de saúde primários e preventivos do governo. Os resultados de países e cidades em três Prefeituras são preliminares mas mostram mudanças significativas no conhecimento e prática sobre saúde e ligações cada vez maiores entre as necessidades do vilarejo e serviços do Governo. Os próximos passos incluem fortalecer a implementação e institucionalizar o apoio do governo para estender e apoiar a abordagem.
  • Este artigo revê experiências de se implementar intervenções de empoderamento na Tanzânia. Os dados estão baseados em visitas de campo a programas, projetos e organizações envolvidas na implementação de intervenções de empoderamento em várias regiões do país. Essas visitas envolveram entrevistas de informantes-chave, levantamentos de amostra e Discussões de Grupo de Enfoque (FGDs) com produtores rurais. A revisão destaca as percepções do empoderamento nos níveis de funcionários de projeto e praticantes /beneficiários, assim como as abordagens utilizadas por várias organizações/projetos na implementação de atividades de empoderamento. Além disto, o artigo discute os fatores percebidos para levar ao empoderamento e também suas consequências.
  • Grandes quantias estão sendo investidas em tecnologia de informação e comunicação (ICTs) tais como telefones celulares e sua infraestrutura de telecomunicações. Agências de desenvolvimento oferecem uma visão convencional sobre o “ambiente” necessário para incentivar tal investimento; particularmente que uma boa governança e segurança são necessários. Nós questionamos esta visão convencional com um estudo de telecomunicações móveis em três estados inseguros que possuem uma pontuação muito ruim em relação aos Indicadores de Governança Mundiais. Os dados são limitados mas sugerem que insegurança e “má governança” podem não ser as barreiras ao investimento que normalmente se supõe. Na verdade, é possível—pelo menos para este tipo de tecnologia digital—que eles incentivem o investimento.
  • No dia 29 de agosto de 2008, o Comitê do Patrimônio Mundial da UNESCO (WHC) e o Banco do Japão para Cooperação Internacional (JBIC) co-organizaram um seminário de um dia de duração chamado “Patrimônio Mundial e Trabalhos Públicos: Cooperação de Desenvolvimento para Redução da Pobreza”, realizado na Universidade das Nações Unidas em Tóquio. O seminário concentrou-se no papel dos Patrimônios da Humanidade no desenvolvimento e redução da pobreza, fazendo o balanço dos trabalhos públicos que sustentam a vida da comunidade e preservação de propriedades do Patrimônio Mundial e o papel do desenvolvimento e cooperação – especialmente organizações financeiras internacionais – em projetos de cultura e desenvolvimento.
  • Este artigo relata sobre o décimo aniversário da conferência da Iniciativa Comercial Ética (ETI), chamando atenção para a ironia de que justamente quando o progresso está sendo alcançado em relação às pessoas que trabalham em seu próprio domicílio, que estão entre os trabalhadores menos protegidos de todos, as duas organizações que têm feito tanto para despertar a conscientização sobre essas questões enfrentam o encerramento de suas atividades por falta de fundos.
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  • Este artigo examina a evolução semântica do termo Desenvolvimento de Comunidade (DC) no final do século vinte. Ele argumenta que o DC tem adquirido diferentes significados, base teórica e aplicação prática, começando com um enfoque nas sociedades tradicionais até a década de 1960, movimentos de direitos sociais e/ou civis até a década de 1980 e a classe média moderna a partir da década de 1990. O ponto principal do argumento é que o conceito não é coeso e unificado, mas representa um repertório de significados que abrangem várias nuances do DC que não são necessariamente mutuamente compatíveis mas refletem as práticas políticas e sociais particulares nos contextos nos quais elas ocorrem.
  • Preocupações quanto à equidade de gênero têm estado à frente de discussões e análises de intervenções e ações de ONGs desde a década de 1970. A equidade de gênero, definida como direitos iguais de acesso, oportunidade e participação para homens e mulheres, tem sido sempre uma característica distinta nos programas da Gram Vikas, ONG importante do estado indiano de Orissa. Esforços conscientes para identificar e abordar estas questões tiveram início em meados de 1980. Diversas iniciativas específicas têm sido tomadas para se criar uma competição justa entre mulheres e homens nas comunidades do vilarejo onde a Gram Vikas trabalha e dentro da organização. Têm havido resistências e desafios a diversas dessas intervenções e, embora algumas delas têm se incorporado para criar impacto duradouro, outras têm tido apenas um efeito limitado.
  • Neste artigo nós discutimos o processo de transformar parcerias a partir de uma estrutura conceitual para uma estrutura prática e operacional para a interação em nível de campo entre organizações humanitárias. Nós abordamos esta transformação a partir da perspectiva dos valores centrais do conceito de parceria e a habilidade dos trabalhadores de campo de exibir um comportamento que seja consistente com estes valores centrais. Nós apresentamos os resultados de um estudo empírico sobre as relações entre o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (UNHCR) e Organizações Não-Governamentais (ONGs) em um programa de assistência a refugiados no norte de Uganda Nós conectamos a estrutura inter-organizacional com o papel das pessoas que estão aptos na tarefa de fazer a parceria funcionar. Concluímos que as estruturas e contexto no qual os indivíduos operam tornam impossível para eles “representarem” os valores centrais da parceria. Ao identificarmos os principais desafios para a criação de parcerias em nível de campo e operacionais, nós fornecemos lições para iniciativas de desenvolvimento de parcerias atuais e futuras, tais como a Plataforma Humanitária Global.
  • O artigo oferece uma análise de vários problemas encontrados e lições aprendidas na implementação de um programa para melhorar a segurança de meios de subsistência dos pobres da zona urbana de Bangladesh. O estudo está baseado no envolvimento do autor enquanto parceiro de pesquisa de ação externa e uma revisão da literatura. As lições-chave para o sucesso são identificadas como (i) uma compreensão clara por parte de todos os funcionários das ligações entre atividades de projeto e objetivos de projeto; (ii) capacitação de funcionários, que é adaptada de acordo com suas necessidades; (iii) claros critérios de metas e abrangência de programa; (iv) ter todas as orientações operacionais, planos de trabalho e modelo de Monitoramento & Avaliação necessários antes da implementação; (v) garantir “parceria das organizações” e não “parceria das atividades”; (vi) garantir o envolvimento real de beneficiários em todos os aspectos do projeto; (vii) “empoderamento” de funcionários e uma “abordagem flexível” das operações são mais compensadores; (viii) conduzir reflexões de rotina sobre o progresso do projeto, e finalmente (ix) ser suficientemente ousado para realizar as mudanças estratégicas necessárias mesmo que isto signifique desviar-se de atividades pré-estabelecidas e cronogramas hipotéticos fixados nas propostas do projeto.
  • A diversidade genética da cultura agrícola e a pobreza estão ligadas: em primeiro lugar, produtores rurais com poucos recursos frequentemente mantêm a diversidade genética e, em segundo lugar, a diversidade da cultura agrícola, quando adequadamente valorizada pelo mercado, possui potencial para reduzir a pobreza. Este artigo examina esta suposição com base em três estudos de caso da interseção do mercado com a pobreza e diversidade do milho no México. Esses casos sugerem que grande parte do mercado para milho oferece pouco espaço para “maize landraces” (variedade de milho local conhecida como milho crioulo), no sentido de não recompensar a variação qualitativa de grãos de milho mas, em vez disto, apresentar incentivos que tornam o cultivo de germoplasma de milho “melhorado” a escolha econômica racional para os pequenos produtores rurais. Enquanto isto, tentativas de adicionar valor ao milho crioulo via diferenciação de mercado têm obtido sucesso variável. Embora exista potencial para mercados diferenciados contribuírem para modelos de negócios bem-sucedidos e redução da pobreza, estes estudos de caso mostram os prós e os contras entre a consistência do produto, investimento de trabalho e recursos e conservação de diversidade genética.
  • Este artigo relata pesquisa sobre os impactos das microfinanças nas tarefas de gênero, até que ponto fatores sócio-culturais influenciam estas mudanças e como tais mudanças afetam o bem-estar de famílias rurais de Bogoso no Distrito Ocidental de Wassa em Gana. Os resultados indicam que as microfinanças têm mudado o controle das decisões dos homens e mulheres e a alocação de recursos, o que por sua vez afetou as responsabilidades financeiras e a educação das crianças e em grande parte contribuiu para o bem-estar da família. Contudo, o pequeno montante de empréstimos foi uma limitação. O artigo conclui que fatores sócio-culturais podem promover ou inibir a qualidade de vida das famílias rurais e que as microfinanças não são uma ferramenta suficiente por si só para promover a qualidade de vida das mulheres e das famílias. Para que as pessoas da zona rural tenham qualidade de vida, é essencial que haja esforços colaborativos na apreciação, monitoramento e avaliação das iniciativas de microfinanças, com o governo oferecendo liderança.
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  • Este artigo examina o papel dos acordos de livre comércio que integram economias profundamente assimétricas, simultaneamente beneficiando a nação mais poderosa e exacerbando as desigualdades dentro e entre os países envolvidos. O último de uma série de acordos como estes nas Américas, o Acordo de Livre Comércio da República Dominicana e América Central (DR-CAFTA), abre as economias destas pequenas nações aos investimentos e exportações dos EUA, uma vez que empresas multinacionais conseguem tirar vantagem dos custos de produção mais baixos e fraca legislação trabalhista. Na economia global, acordos comerciais Sul–Sul oferecem uma alternativa muito melhor para países com instituições fracas e com pouco poder econômico ou político.
  • Fixar preços adequados para bens ambientais é essencial para a gestão sustentável de recursos naturais. Não é fácil, porém, estabelecer um valor para os recursos naturais pois o problema da exclusão torna difícil proteger os recursos naturais do uso não-pago e exercer os direitos de propriedade sobre eles. Este artigo discute as conquistas e limitações das políticas atuais de recursos naturais a partir da perspectiva da visão de eficiência e equidade. Ele argumenta que um fundo de desenvolvimento operando por meio de transações baseadas no mercado é uma abordagem promissora para ajudar a se alcançar simultaneamente os objetivos de eficiência, sustentabilidade e redução da pobreza, contanto que os direitos de propriedade sobre os recursos ambientais sejam distribuídos de maneira justa dentro das gerações atuais, assim como entre as gerações atuais e futuras.
  • O desenvolvimento de um sistema cadastral para a República da Guatemala foi uma das prioridades do Acordo de Paz de 1997 que acabou com 30 anos de guerra civil. Embora a incerteza da posse da terra e do título da terra sejam questões contenciosas, o desenvolvimento de um cadastro nacional, a distribuição equitativa de terra e o arrendamento de terra são vistos como algo crucial para se manter a paz na Guatemala. Este artigo aborda as barreiras mais importantes para o desenvolvimento de um Sistema Nacional de Informações da Terra utilizado para apoiar a reforma cadastral. Resultados de entrevistas com agências governamentais indicam que embora melhorias técnicas possam ser prontamente implementadas, fatores sociais relativos à interação de ONGs e governos, a difusão de política governamental equitativa em relação a direitos da terra, e os custos do processo de registro da terra prejudicam seriamente a finalização do processo cadastral. Estes resultados são discutidos à luz da política de ajuda internacional e desenvolvimento.
  • Este artigo aborda a situação das favelas na cidade de Daca em relação a mecanismos de governo e ONGs e prioridades para o desenvolvimento e aprimoramento de favelas. Ele conclui com sugestões específicas para uma melhor gestão de favelas urbanas.
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  • Este artigo contesta os termos nos quais as agências doadoras avaliam o sucesso do desenvolvimento, recorrendo a um caso em particular para ressaltar sua idéia. Ele descreve o reassentamento de 60.000 pessoas que estavam ocupando os trilhos de trem em Mumbai, um processo planejado e realizado por uma federação dos próprios residentes da ferrovia, com apoio da ONG SPARC. O artigo argumenta que este esforço, que atendeu aos critérios do doador para um projeto bem-sucedido, foi a ponta de um iceberg. Sem uma avaliação dos anos de aprendizado e inovação que o antecedeu e a base dos princípios e relações construídas durante muitos anos, esta conquista não pode ser adequadamente avaliada ou compreendida—e certamente não copiada. Porém no mundo da avaliação e levantamento formais, tende a haver uma falta de interesse no aprendizado mais profundo sobre mudança social que torna possível tais história de sucesso.
  • Em todo o Distrito de Gaya em Bihar, independentemente da casta ou condição social da pessoa, a irrigação é o tópico predominante de preocupação nas plataformas públicas e conversas privadas. Na ausência de ação governamental adequada, tipos diferentes de esforço comunitário estão emergindo para atender às necessidades, alguns apoiados por movimentos políticos radicais, outros por organizações de uma persuasão religiosa e outros ainda em grande parte por cidadãos locais conhecidos.
  • A Reabilitação Baseada na Comunidade (Community-Based Rehabilitation - CBR) tem sido adotada em vários países para ajudar as pessoas deficientes. Este artigo analisa a interação entre a CBR e a auto-alienação de mulheres deficientes físicas de suas comunidades. Entrevistas aprofundadas com 40 mulheres com deficiência física no norte da Tailândia constataram que a CBR é raramente capaz de capacitar as mulheres com deficiências físicas a realizar seu próprio senso dentro de sua comunidade porque a própria CBR foi incapaz de mudar a falsa impressão da comunidade sobre a deficiência. Apesar de participar de programas da CBR, a auto-alienação de mulheres deficientes físicas de sua comunidade permaneceu devido à forte dependência da CBR da prática médica, ignorando a questão de gênero como um fator colaborador importante. Além disto, trabalhadores de campo da CBR obviamente falharam em captar a magnitude de modelos sociais na reabilitação da deficiência.
  • Este artigo analisa em detalhes o impacto e efetividade de projetos de educação entre colegas implementados no Camboja sob a Iniciativa de Saúde Reprodutiva para a Ásia (RHI), em uma tentativa de oferecer lições importantes para a montagem e implementação de tais intervenções e contribuir para o desenvolvimento da melhor prática. Sob a RHI, que foi o primeiro programa no Camboja planejado especificamente para abordar as necessidades de saúde sexual e reprodutiva dos jovens, a educação entre colegas foi implementada como se fosse um método diretamente transferível, em vez de um processo a ser baseado em contextos sociais e políticos específicos. Conseqüentemente, os conceitos de educação entre colegas relativos a empoderamento e participação entraram em conflito com tradições hierárquicas e relações de poder locais com relação a gênero e pobreza, educadores de colegas foram treinados para transmitir mensagens desenvolvidas por adultos e as intervenções não foram planejadas para refletir as dinâmicas sociais de grupos jovens de colegas.
  • Engajar e ajudar as comunidades marginalizadas permanece sendo um grande desafio para governos de países em desenvolvimento pois várias estratégias de desenvolvimento nacionais tendem na prática a marginalizar ainda mais as comunidades cronicamente pobres. Estratégias de ajuda de desenvolvimento, inclusive iniciativas para redução da pobreza, têm se concentrado principalmente no desenvolvimento econômico e, como resultado, têm contribuído para a erosão da base de bens destas comunidades e em particular seu acesso a recursos naturais. Embora questionando o impacto dos arranjos de ajuda humanitária sobre as comunidades mais pobres e mais vulneráveis da sociedade, este artigo reconhece que os arranjos de ajuda atuais, tais como estratégias nacionais de redução da pobreza, têm criado um ambiente no qual a pobreza crônica pode ser abordada por governos nacionais e outros stakeholders. Os autores destacam a necessidade de uma maior sensibilidade nos processos de planejamento e gerenciamento de estratégias de desenvolvimento nacionais que buscam reduzir a pobreza, assim como um compromisso com arranjos institucionais que incluam grupos marginalizados na economia política do país.
  • O Banco Mundial e o FMI propuseram a estrutura do Documento sobre a Estratégia de Redução da Pobreza (Poverty Reduction Strategy Paper - PRSP) a todos os países pobres como condição para receberem ajuda incondicional com a dívida sob a iniciativa dos HIPCs. Os PRSPs também serão o veículo-chave para o Banco Mundial e FMI e outros doadores para vários pacotes assistenciais, inclusive empréstimos. Assim como seus antecessores, a estrutura do PRSP também impulsiona as idéias de “participação” e “posse”. Este artigo argumenta que a posse de uma estrutura tão grande não pode provavelmente ser de responsabilidade dos países pobres ou de sua população se a idéia toda é produto de pensadores do Banco Mundial e do FMI. Ele discute a participação no desenvolvimento da PRSP de Bangladesh e argumenta que nem a participação nem a posse foi o alvo na preparação de uma estratégia nacional de redução da pobreza, mas foram um componente necessário de um documento requerido para continuar as relações de dívida e empréstimo com o Banco Mundial e FMI.
  • Este artigo examina a implementação inadequada de serviços sociais por parte de governos municipais da Nigéria e identifica três problemas: falta de transparência e accountability na governança, funcionários e administração subqualificados e a relação frágil (uma dicotomia de “nós” versus “eles”) entre os residentes urbanos e governos locais. Não se pode mais argumentar que a falta de fundos é a limitação-chave.
  • Uma boa governança é essencial para sustentar a transformação econômica em países em desenvolvimento. Contudo, muitos países em desenvolvimento atualmente não têm a capacidade, em oposição à vontade, para alcançar e sustentar um ambiente de boa governança. Este artigo aborda, a partir da perspectiva de campo de um trabalhador, os objetivos fundamentais, princípios e áreas-chave que precisam ser abordados para desenvolver a capacidade para uma boa governança. Estas estruturas estão agora começando a ser reconhecidas pois governos e instituições doadoras visam aproveitar a demanda atual e oportunidades para abordar os déficits de governança. Ao buscar o desenvolvimento de capacidade para uma boa governança, países em desenvolvimento devem garantir que tais iniciativas sejam montadas de maneira abrangente para estarem simultaneamente relacionadas com a mudança e transformação nos níveis individuais, institucionais e da sociedade e serem pertencidas e controladas localmente.
  • Grande parte da migração interna na Índia, inclusive nos estados de Rajasthan e Orissa, é guiada pelo sofrimento. Anteriormente, questões relacionadas à gênero eram negligenciadas pois a migração tendia a ser vista como um movimento predominantemente masculino, com as mulheres de fora do processo ou como seguidoras dependentes. A migração atual está ocorrendo em um mundo marcado por uma convicção mais profunda sobre a importância da igualdade da oportunidade entre as divisões sócio-políticas. Este artigo ressalta a necessidade de se analisar a migração por meio de experiências diferenciais de mulheres e de homens no contexto de um mundo altamente marcado pela questão de gênero.
  • Uma abordagem para estabelecer a provisão de serviço de extensão privada para pequenos produtores de horticultura no Quênia foi desenvolvida entre abril de 2003 e dezembro de 2005 pelo Centro Internacional de Fisiologia de Insetos e Ecologia e Instituto de Recursos Naturais no Reino Unido, em colaboração com a EurepGAP FoodPLUS GmbH e a House of Quality-South Africa, ONGs internacionais, empresas de exportação e grupos de produtores rurais de fomento agrícola. A abordagem concentrou-se nas boas práticas agrícolas, segurança alimentar, Regulações da UE sobre os limites máximos residuais de pesticida e o Padrão EurepGAP. A abordagem não é um modelo mas as lições aprendidas são aplicáveis a sistemas semelhantes de produção de pequenos produtores em outros países africanos.
  • Dos círculos de tomadas de decisões mais altos até as organizações locais e de base, todos enfrentam um desafio semelhante: como trabalhar com outros grupos para estabelecer parcerias mais sólidas e chegar a um consenso em relação aos objetivos? Este artigo descreve a Caixa de Ferramentas Net-Map, uma nova ferramenta que constrói e expande abordagens sociais-de trabalho de rede existentes. O artigo destaca a experiência de se utilizar a Caixa de Ferramentas com a White Volta Basin Board em Gana, uma organização com vários stakeholders que é responsável por supervisionar recursos hídricos locais. A discussão inclui como a Caixa de Ferramentas Net-Map pode ajudar os membros de organizações orientadas para o desenvolvimento a compreender melhor e interagir umas com as outras em situações onde vários atores diferentes podem influenciar o resultado.
  • Reconhecendo que a posição de investigadores poderia promover um grande impacto na qualidade e /ou interpretação de resultados de estudo sobre desenvolvimento, uma pequena investigação para explorar as posições e tarefas de pesquisadores foi implementada. Este foi um componente subsidiário de um estudo sobre desenvolvimento de saúde maior que visou explorar a base de evidência para a formulação e implementação de política de saúde físico-social e mental em dois países afetados por conflito e com baixos recursos. Cinco pessoas da equipe de pesquisa foram entrevistadas por um sexto membro em um formato de entrevista e os dados foram analisados tematicamente. O principal aprendizado para a equipe, com implicações mais amplas para outros agentes em pesquisa e prática sobre desenvolvimento, é que para o objetivo produzir resultados críveis de investigações desta natureza, é importante apresentar um alto grau de transparência em relação à função e posição de cada pesquisador e uma tentativa explícita de ser reflexivo em relação aos desafios associados.
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