Volume 11

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  • O comércio ético está se expandindo rapidamente no Reino Unido. Desde a implementação da Iniciativa Comercial Ética, muitas campanhias estão adotando códigos de conduta que tratam de condições de trabalho em suas cadeias de fornecimento, baseados em um processo de múltipla participação de acionistas. Abordar questões de gênero em sua implementação continua sendo um importante desafio para os que fazem política. Este artigo avalia de que modo a suscetibilidade a respeito da questão de gênero no monitoramento e avaliação dos códigos pode ser ampliada dentro de um sistema de multi-acionistas, baseando-se na evidência de um estudo de caso de exportação de horticultura na África do Sul. Os autores recomendam que as políticas atendam as necessidades dos trabalhadores mais marginalizados, muitos dos quais são mulheres.
  • Nunca anteriormente o Estado Boliviano havia feito um esforço tão grande para promover a participação de camponeses no desenvolvimento local. Em 1994, ele promulgou a Lei de Participação Popular, que institucionalizou uma metodologia de Planejamento Municipal Participativo. Embora reconhecendo amplamente sua natureza progressiva, não é muito difícil identificar detalhes autoritários dentro desta metodologia. Os autores argumentam que o conceito de participação deveria ser visto como "negociação" para aumentar a abrangência da participação dos camponeses no processo de planejamento. Isto por sua vez implicaria em algumas mudanças metodológicas significativas, mas resultaria em Planos de Desenvolvimento Municipal com a flexibilidade para lidar com situações específicas do campesinato boliviano.
  • Este artigo discute a relação entre a corrupção e o desenvolvimento econômico. Ele questiona a visão de que, sob certas condições, a corrupção pode melhorar a eficiência e argumenta que embora a corrupção possa beneficiar indivíduos poderosos, ela sem dúvida alguma irá levar a uma maior ineficiência e a um desperdício de recursos em nível macroeconômico. Após uma breve introdução, o autor sugere que uma possível causa da corrupção seja a frágil base produtiva, condição essencial para o surgimento de escassez que, por sua vez, estimula a corrupção. Alguns possíveis impactos da corrupção são então examinados. Embora não seja sugerida nenhuma medida política, um sistema político mais responsável e transparente significaria certamente um avanço na direção correta.
  • Existe uma carência amplamente reconhecida de esquemas institucionais inovadores que forneçam serviços financeiros a pessoas pobres, de forma que diversos esforços têm sido feitos para se alcançar este fim. Estes esforços vão desde a modificação dos serviços oferecidos por bancos existentes até a promoção de sistemas que priorizam as pessoas. Os programas que tratam da segunda opção, têm tendido a enfatizar uma abordagem abrangente de desenvolvimento, sendo os serviços financeiros uma das diversas atividades inter-relacionadas. Este artigo discute as principais características da organização e operação de sistemas que priorizam as pessoas, explora o significado de mobilização social neste contexto, indica uma série de benefícios que tais sistemas podem gerar e ilustra suas características, atividades e benefícios através de um estudo de caso.
  • A metodologia RAAKS (sigla em inglês de Avaliação Rápida de Sistemas de Conhecimento Agrícola), juntamente com ferramentas PRA (Avaliação Rural Participativa), foi utilizada de maneira bem-sucedida no programa de desenvolvimento rural integrado da organização CARE-Macina. A metodologia permitiu que a equipe da agência produzisse informações relevantes a respeito de organizações comunitárias em nível dos vilarejos e então destacasse alguns pontos positivos e negativos de seus esforços para reforçar sua capacidade organizacional. Isto provocou diversas mudanças importantes nas estratégias da agência. Os detalhes da metodologia utilizada pela equipe da Macina, alguns resultados do exercício e mudanças nas estratégias de programa a respeito do fortalecimento das organizações de base são discutidos no artigo.
  • Na ausência de um governo coeso e controlador no Afeganistão, as ONGs têm assumido grande parte do trabalho da área econômica e social, tornando-se, por procuração, os responsáveis pela política e os diretores da prática. Contudo, o poder imprevisível e ainda crescente dos Talibãs leva as ONGs a adiarem as políticas do governo em favor da manutenção de sua própria influência e implementação de projetos. Chegou o momento das ONGs abandonarem este papel de atuação por procuração e de buscarem engajar-se de maneira construtiva com as dinâmicas do governo emergente.
  • Este artigo descreve sete pequenas formas para que as microfinanças adquiram as mesmas virtudes das finanças informais, que são comumente entendidas como custos de transação reduzidos, fornecimento não somente de empréstimos mas também poupanças e seguros implícitos, sensibilidade para os obstáculos enfrentados pelas mulheres, substituição da confiança no caráter da pessoa por contratos de fiança, socialmente regulados e/ou auto-regulados e seqüências de transações repetidas.
  • Economias baseadas na solidariedade e apoio mútuo, e que são adequadas ao desenvolvimento humano e justiça social, representam a base de uma alternativa ao modelo neoliberal que está direcionando o atual processo de globalização e que tende a destruir a iniciativa e a expressão locais. O autor baseia-se em uma longa experiência na região sul do México para descrever esta visão econômica alternativa.
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  • Investimentos em pesquisas voltadas para processos e investimentos em pesquisas participativas com agricultores têm levado à emergência de soluções relacionadas à agrosilvicultura sustentável para problemas de degradação da terra, pobreza e insegurança alimentar em áreas rurais. Milhares de agricultores em diversas eco-regiões têm adotado inovações que demonstram o potencial da agrosilvicultura. Este artigo destaca a importância da mudança institucional através da abordagem adotada pelo Centro Internacional de Pesquisas em Agrosilvicultura para incrementar a adoção e impacto das inovações. Oito áreas de intervenção constituem os elementos-chave de uma estratégia de desenvolvimento, que visa oferecer a 80 milhões de pessoas pobres das áreas rurais melhores opções de subsistência até o ano 2010.
  • As organizações comunitárias de base estão cada vez mais sendo consideradas um modo sustentável de dinamizar os benefícios da pesquisa agrícola e desenvolvimento realizadas por alguns agricultores em áreas isoladas de projetos-piloto, para que se possam expandir estes benefícios mais amplamente em termos geográficos e sócio-econômicos e de maneira rápida. Este artigo descreve e ressalta as lições aprendidas com diversas organizações de pesquisa e desenvolvimento na região ocidental do Quênia, utilizando diferentes abordagens com base em comunidades para dinamizar a agrosilvicultura e outras opções biológicas com o objetivo de melhorar a fertilidade do solo entre os pequenos produtores com poucos recursos. Os principais benefícios de tais abordagens são que a conexão entre agricultores, governo e outros distribuidores de serviços é fortalecida, o fluxo de informações e a conscientização sobre as opções disponíveis são divulgados rapidamente entre os agricultores e a participação dos agricultores e a inovação são aumentadas. Para uma oferta efetiva de serviços, contudo, são necessários níveis mais altos de associação, que vão além dos agricultores ou grupos individuais, como as organizações de jovens, mulheres ou religiosas. Contudo, a experiência de um projeto-piloto envolvendo o Centro Internacional de Pesquisa em Agrosilvicultura e algumas importantes instituições de pesquisa nacional e desenvolvimento mostram que comitês em vilarejos e locais são freqüentemente inativos caso não haja uma estreito acompanhamento, que é melhor oferecido por instituições locais tais como equipes governamentais de extensão com vínculos com agricultores ou ONGs. A maior parte destas instituições, contudo, possuem recursos e informações limitados. Para atenuar estes problemas e melhor compartilhar as experiências entre organizações e projetos individuais na região, foi formado um consórcio estratégico de instituições-chave. Atualmente existe uma grande esperança em relação ao consórcio, embora ainda seja muito cedo para determinar sua efetividade.
  • Os estudos de caso demonstram a amplitude e riqueza das abordagens e lições aprendidas com os projetos de dinamização agrícola. Uma lição fundamental é que a estratégia de expansão é muito mais complexa do que simplesmente transferir informação e material de plantio. Ela implica desenvolver capacidade institucional em nível comunitário para promover e sustentar o processo de inovação. Um grande problema é a escassez de pesquisas sobre o processo de dinamização. Avaliações cuidadosas sobre os custos e benefícios relativos e as vantagens e desvantagens de estratégias diferentes são freqüentemente possíveis de serem realizadas e podem fortalecer imensamente a efetividade da dinamização.
  • A pesquisa participativa que combina o conhecimento dos agricultores e dos pesquisadores promove o desenvolvimento de uma variedade de opções de agrosilvicultura que podem atender às várias necessidades de diferentes agricultores e, então, explorar uma das maiores vantagens da agrosilvicultura--sua flexibilidade. A elaboração e avaliação dos sistemas de agrosilvicultura com oito grupos de pesquisa de agricultores no sudeste do México foram conduzidas através de levantamentos de objetivos de produção individual e limitações, assim como através de identificação de grupo, testes e análises de alternativas de produção. Testes realizados por agricultores foram utilizados como base para projetos de desenvolvimento da agrosilvicultura implementados pela comunidade e organizações governamentais, sendo então utilizados para disseminar as tecnologias que haviam sido testadas e adotadas por agricultores locais.
  • Valiosos recursos genéticos das árvores estão declinando em muitas comunidades agrícolas na região amazônica do Peru, limitando as opções dos agricultores para o desenvolvimento econômico. O Centro Internacional de Pesquisas em Agrosilvicultura está trabalhando com comunidades agrícolas para aumentar a produtividade e sustentabilidade de longo prazo de suas florestas e fortalecê-las para conservar os recursos genéticos das árvores. Este artigo descreve alguns princípios de gestão participativa de árvores e o modo como os pesquisadores estão trabalhando com os agricultores para selecionar materiais de plantio melhorados, reduzir o risco de não adaptação das árvores, assim como produzir e fornecer material de plantio de alta qualidade e ampliar a gestão participativa de árvores.
  • A região do sul da África enfrenta uma grande degradação de sua base de recursos naturais devido ao crescimento da população e da pobreza. A tecnologia da agrosilvicultura já se encontra disponível e possui um grande potencial para melhorar os meios de subsistência de diversas famílias. Os resultados do desenvolvimento da tecnologia e o modo como tal desenvolvimento evoluiu para um processo mais voltado aos usuários são descritos neste artigo. As tendências de desenvolvimento regional são avaliadas e seis opções de agrosilvicultura, que oferecem melhores opções de meios de subsistência para famílias de pequenos proprietários de terra, são também descritas. Além disto, problemas e sucessos vivenciados na promoção do uso mais amplo da agrosilvicultura são também discutidos. Lições aprendidas em parcerias, a estrutura de tempo dos impactos observados, a utilização de pequenos proprietários como agentes de mudança e a abordagem das necessidades especiais das mulheres são destacadas pelo autor. A ênfase do artigo recai no uso da agrosilvicultura como uma ferramenta de aprendizado na capacitação local para o desenvolvimento inovador.
  • Este artigo descreve os desenvolvimentos em agrosilvicultura em dois distritos do Quênia conduzidos sob a responsabilidade do Projeto de Extensão da Silvicultura de Nakuru e Nyandarua, de 1990-1995, e a influência subseqüente destes desenvolvimentos nas políticas de extensão relativas à agrosilvicultura no Quênia. O artigo oferece exemplos de aspectos inovadores dentro de um programa convencional de serviços-resultados e descreve com certo detalhe os sucessos, fracassos e oportunidades das atividades-piloto, utilizando uma metodologia de extensão participativa. Estas atividades, juntamente com outras testadas no país, têm contribuído para conceitualizar as abordagens de planejamento de base que sustentam o Programa Nacional de Extensão Agrícola e de Gado, um programa do governo que, juntamente com a restruturação governamental em andamento, tem substituído a prévia abordagem nacional dominante de Treinamento e Visita. O programa atual baseia-se no planejamento interdisciplinar e participativo em áreas delimitadas.
  • Para dinamizar a adoção da agrosilvicultura são necessárias inovações técnicas que sejam adaptadas ao ambiente, ajustadas à demanda, com baixo uso de capital e trabalho, assim como com resultados tangíveis em um curto espaço de tempo. Os requisitos básicos, normalmente informação e germoplasma, precisam estar disponíveis. Para alcançar as milhares de pessoas pobres das zonas rurais que requerem os produtos e serviços das inovações da agrosilvicultura, o processo de dinamização tem de ser eficiente em termos de custo e tempo. Freqüentemente, os resultados dos projetos são muito lentos e caros, de forma que as questões de gerenciamento de recursos naturais precisam ser abordadas em larga escala. As experiências a partir do sudoeste de Uganda sugerem que os governos locais e organizações podem ser incentivadas a iniciar uma estratégia efetiva em termos de custos e escala. O processo de descentralização introduzido recentemente em Uganda torna possível aos agricultores fazerem isto. Organizações de pesquisa e desenvolvimento concentram-se em suas vantagens comparativas, que estão relacionadas ao desenvolvimento de inovações e monitoramento.
  • Este artigo descreve a estrutura e impactos de um projeto de desenvolvimento realizado em Nagaland, na Índia. O projeto foi uma experiência em larga escala sobre o desenvolvimento participativo, que enfatizou a tecnologia local aperfeiçoada em testes em agrosilvicultura, onde os próprios agricultores selecionam as tecnologias, implementam os testes de campo e assumem a responsabilidade por disseminar os resultados localmente. Esta avaliação sugere que a agrosilvicultura tem se expandido rapidamente e tem sido adotada principalmente em terras que do contrário teriam sido utilizadas por agricultores tradicionais para a cultura de pousio. Assim, Nagaland parece estar a caminho de intensificar o uso de suas terras, baseando-se na agrosilvicultura, o que provavelmente irá frear as taxas de desflorestamento. A alta taxa de crescimento do projeto ocorreu graças a um sistema efetivo de direitos de propriedade, acesso a um mercado amplo e crescente de madeira, um processo contínuo de monitoramento e avaliação, fornecimento de sementes e mudas com baixo custo e uma estratégia de projeto participativo com atuação baseada na flexibilidade e fortalecimento comunitário.
  • As plantas de forragem oferecem um grande potencial para aumentar a renda de pequenos produtores de laticínios. Seguindo o sucesso dos testes em estações agrícolas e em fazendas, bem como a considerável difusão realizada de produtor para produtor no Distrito de Embu, no Quênia, foi iniciado um projeto para introduzir arbustos de forragem junto a produtores de sete distritos. Durante um período de dois anos, um agente promotor, trabalhando com parceiros baseados no campo, ajudou 150 grupos de produtores, compreendendo 2.600 agricultores, a desenvolver 250 centros de plantação. Os produtores plantaram uma média de 400 arbustos cada. A experiência tem comprovado que a promoção bem sucedida de projetos agrícolas requer muito mais do que a transferência de sementes e conhecimento sobre uma nova prática. Ela envolve a criação de parcerias com uma série de colaboradores, garantindo a adequação da prática e o interesse dos produtores nela, ajudando comunidades locais a serem efetivas na mobilização de recursos locais e externos e garantindo a participação efetiva de grupos de produtores e outros colaboradores nos testes, difundindo, monitorando e avaliando a experiência implementada.
  • O uso sustentável da terra é essencial para o desenvolvimento das terras altas das Filipinas, onde cerca de 18 milhões de pessoas vivem. Este artigo relata nossas experiências utilizando uma abordagem participativa para desenvolver práticas de agrosilvicultura e instituições para conservação da agricultura que garantam a segurança alimentar, reduzam a pobreza e protejam o meio ambiente em Claveria, norte de Mindanao, nas Filipinas. Nós verificamos que as faixas de vegetação naturais oferecem uma solução simples para as limitações técnicas de conservação do solo nas encostas. Elas são faixas intermediárias, situadas ao redor das áreas agrícolas, em que a vegetação natural pode voltar a crescer e tornar-se uma cobertura densa e protetora. As faixas também oferecem uma base para desenvolver sistemas mais complexos de agrosilvicultura, incluindo forragem, frutas e madeira de árvores. O grande avanço na adoção destes sistemas tem sido garantido pela abordagem conhecida como Landcare. Landcare é um movimento de organizações liderado por agricultores, que compartilham conhecimentos sobre agricultura sustentável e lucrativa nas terras de encosta, conservando ao mesmo tempo os recursos naturais. O movimento Landcare está se espalhando rapidamente para vários municípios em Mindanao e ilhas Visayan.
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  • Como resultado das reformas internas e externas introduzidas nas últimas duas décadas na Argentina, assim como na maioria dos países latino-americanos, as atividades manufatureiras das zonas urbanas têm sofrido um dramático processo de restruturação, criando novos conflitos sociais e ambientais. Em um contexto onde as estratégias macroeconômicas estão resultando em restruturação de longo prazo dos modelos de produção e conflitos localizados, é importante avaliar a sustentabilidade das atuais tendências de desenvolvimento urbano. Concentrando-se no estudo de caso da cidade de Mar del Plata, na Argentina, esse artigo analisa a restruturação da indústria pesqueira, passando de um sistema fechado nacionalmente para um sistema aberto internacionalmente. A autora examina de que modo e por qual razão as estruturas do governo que regulam a adequação e transformação da natureza têm sofrido mudanças durante o processo de restruturação e têm, conseqüentemente, redefinido a habilidade do Estado, das firmas e dos cidadãos-trabalhadores para proteger a base de recursos naturais da qual a economia local depende.
  • As condições de moradia de baixo nível e sem segurança são reconhecidas como um aspecto crucial da pobreza urbana. Na maioria das grandes cidades dos países em desenvolvimento, o mercado formal atende apenas a uma minoria da população. Estima-se que entre 30 e 70% da população vivem em alojamentos "irregulares" e que até 85% do total das novas moradias são produzidas de maneira ilegal, com graves conseqüências sociais e ambientais. O trabalho inovador de John Turner e a primeira conferência sobre Habitat ocorrida em 1976 marcou uma mudança de paradigma em direção a uma abordagem capacitante e participativa para o fornecimento de casas. Pouco progresso, porém, tem sido feito na transformação do novo paradigma em políticas práticas e sustentáveis. Os esquemas de realocação, moradias sociais, melhoria nas favelas, lugares e serviços são prejudicados por dois problemas que estão relacionados entre si: primeiramente, eles são realizados em uma escala muito pequena para atender à crescente demanda e, em segundo lugar, os produtos são muito caros para serem financiados para grupos de baixa renda. O artigo argumenta que a estratégia do setor informal de desenvolvimento incremental e a melhoria das moradias e infra-estrutura podem ser incorporadas pelas políticas públicas e mostra casos das Filipinas e Paquistão como exemplos de práticas eficientes realizadas nessa direção.
  • Grande parte do sistema habitacional urbano dos países em desenvolvimento e também de alguns países europeus é desenvolvida fora dos processos sancionados oficialmente. Isso se deve menos ao fato de haver um desejo global de infringir a lei do que à existência de regulações de planejamento, padrões e procedimentos administrativos inadequados. Muitos países herdaram ou importaram seu sistema regulatório de outros países e esse sistema foi destinado a atender condições muito diferentes daquelas que os países do sul atualmente enfrentam. Ao tentar impor tais sistemas para populações que invariavelmente são muito pobres para poder ajustar-se a eles, corre-se o risco de não haver o respeito à lei e às instituições oficiais em geral. Portanto, para que o desenvolvimento urbano seja socialmente, economicamente e institucionalmente sustentáveis, é crucial avaliar até que ponto as mudanças nos sistemas regulatórios são necessárias para abaixar os degraus da escada do sistema habitacional de modo a permitir que os pobres das áreas urbanas possam começar a subi-los. Esse artigo serve de referência para um projeto de pesquisa internacional para avaliar os custos sociais e econômicos de tais sistemas para um novo desenvolvimento urbano.
  • Grandes áreas das cidades do Zimbábue ainda refletem as tradições do planejamento colonial destinado a promover a segregação racial, que não mais atende adequadamente às demandas das áreas urbanas que estão duplicando de tamanho a cada 10-15 anos. Esse artigo avalia as influências políticas, econômicas e sociais sobre a produção e uso do espaço urbano em Harare e também até que ponto o sistema de planejamento e de regulamentação acomoda as demandas que competem pelo espaço público de uma cidade que cresce rapidamente. Alison argumenta que o espaço urbano é uma fonte crucial para as famílias pobres que não podem ser ignoradas no contexto de um desenvolvimento sustentável e que o fracasso das políticas oficiais e regulações em reconhecer sua importância inibe a habilidade dos pobres das zonas urbanas a ajudarem a si próprios. As iniciativas de políticas para restituir esse balanço são exploradas no texto.
  • Em Cuba, o fornecimento centralizado de moradias tem coexistido com uma demanda generalizada de esquemas que se baseiam na auto-ajuda para atender a procura por moradia, embora não tem havido nenhum mecanismo para articular as duas práticas entre si. O autor discute modos para reunir os recursos técnicos e financeiros do setor estatal com a criatividade e visão das pessoas que moram nas cidades e vilarejos de Cuba para criar esquemas que sejam socialmente e ecologicamente sustentáveis.
  • O Programa de Casa Própria do governo da cidade de Buenos Aires é um caso inovador de financiamento público-privado de um esquema de moradia social. O programa visa incentivar os investidores a construir casas em terras privadas para serem vendidas a compradores de baixa renda que recebem empréstimos "suaves" do estado. A experiência do Programa Casa Própria sugere que no hemisfério sul, onde o Estado normalmente carece de redes consolidadas de suporte social, o modelo de programas de moradia que teoricamente são sustentáveis para grupos de baixa renda tende a dar prioridade a variáveis financeiras ao invés de priorizar as preocupações sociais e ambientais. Isso cria contradições dentro de tais programas que resultam em impactos sociais e ambientais negativos.
  • A disparidade entre o hemisfério norte e sul no acesso às novas tecnologias de comunicação e informação é bem conhecida, mas é necessário agora ir além dos simples atos de medir e documentar essa diferença e desenvolver indicadores mais precisos sobre como tais tecnologias poderiam ser, e estão sendo, utilizadas por organizações populares (tais como as associações de moradores) a fim de dar mais voz aos interesses das pessoas que vivem na pobreza.
  • A metodologia MOLAND adota técnicas de observação da terra com equipamentos geo-processadores e dados estatísticos para monitorar mudanças ambientais e morfológicas em áreas urbanas. A metodologia auxilia a entender os processos de desenvolvimento urbano assim como serve de ferramenta para o planejamento. A metodologia MOLAND oferece informações territoriais detalhadas em escala regional, permitindo que as agências de desenvolvimento obtenham de maneira precisa alguns indicadores ambientais específicos e melhorem os atuais indicadores de sustentabilidade urbana. Esse artigo descreve os tipos de informação que podem ser produzidos com a metodologia MOLAND, os esforços para desenvolver séries de dados comparáveis no decorrer do tempo em locais diferentes e aplicações desses dados para planejar tarefas envolvendo crescimento populacional, mobilidade, segurança, avaliação estratégica, impacto ambiental em larga escala e crescimento urbano. Experiências recentes sobre a aplicação da metodologia nas cidades da Europa Oriental e do Terceiro Mundo também são discutidas no artigo.
  • Apesar das melhorias no acesso às terras e serviços urbanos que vêm ocorrendo desde a década de 1980 tanto no Brasil como no México, a consolidação dos loteamentos urbanos da periferia tem acentuado a segregação social. Tais tendências chamam a atenção para a contínua existência da pobreza em escala global. De que modo os planejadores e administradores urbanos têm escolhido enquadrar os desafios que as comunidades de baixa renda estão enfrentando? Até que ponto a linguagem utilizada pelos especialistas técnicos permite que eles se engajem em um diálogo com as pessoas que vivem nessas comunidades marginalizadas, que não confiam muito nos resultados das negociações com o Estado?
  • Fortalecer organismos locais urbanos na Índia para cumprir com as responsabilidades de desenvolvimento através do uso de intermediários financeiros no mercado de capital acarreta sérias implicações para o modelo de desenvolvimento urbano e para a organização do espaço dentro das cidades. A política de liberar os organismos locais dos controles do governo e do legislativo pode obrigar tais organismos a ficar sob direção ou controle indireto de instituições corporativas e financeiras, resultando no enfraquecimento de seus comprometimentos com as questões sociais. É importante manter uma vigilância no processo pelo qual as cidades são segmentadas e as comodidades básicas são negadas aos pobres devido a essa crescente dependência dos recursos privados para investimentos na infra-estrutura.
  • Com referência a Dar es Salaam, esse artigo examina as experiências até o momento com o conceito de Planejamento Ambiental Urbano e Gerenciamento (EPM), uma abordagem promovida pelas agências da ONU preocupadas com os alojamentos humanos (UNCHS) e meio ambiente (UNEP) para melhorar a capacidade dos governos locais de gerenciar o rápido crescimento urbano e o desenvolvimento em parceria com colaboradores importantes. O artigo destaca as oportunidades que o EPM oferece para revitalizar o gerenciamento urbano, particularmente em contextos onde há a falta absoluta de capacitação para gerenciamento, como aqueles encontrados na Tanzânia. Entre os fatores que vão contra as parcerias sustentadas entre governos locais e colaboradores-chave estão a falta de vontade política, a ênfase exagerada em resultados físicos de curto prazo, a relutância em dividir o poder e a natureza demorada do processo de EPM. Mudar atitudes e hábitos já incorporados pelas elites políticas e administrativas (como por exemplo: conservadorismo, inflexibilidade, mistificação do planejamento e gerenciamento urbano e monopolização do poder) torna-se fundamental para que o EPM possa ser institucionalizado dentro da Tanzânia. Outras questões incluem a de como sustentar um consenso entre diversos colaboradores, o balanço entre estratégias de longo prazo e expectativas imediatas ou de curto prazo em ambientes marcados pela pobreza e problemas de diálogo com grande participação da sociedade civil em democracias multipartidárias imaturas.
  • A democratização, os ajustes estruturais, a reforma do Estado (incluindo a descentralização) e a liberalização da economia (incluindo privatizações) têm introduzido mudanças dramáticas nas nações, sociedades e cidades da América Latina e Caribe (LAC). Como os governos centrais começam a repassar mais responsabilidades a eles, os governos locais são obrigados a desempenhar novas funções e a fortalecer sua capacidade gerencial para poder arcar com os crescentes problemas urbanos e demandas da população. Em resposta à inabilidade do Estado em resolver problemas locais, está havendo uma proliferação de organizações da sociedade civil (CSOs) engajadas em iniciativas de auto-ajuda, estabelecendo redes sociais e grupos de apoio mútuo para poderem atender suas necessidades básicas. Para fortalecer a democracia e promover a participação popular na solução de questões urbanas é necessário que haja clareza quanto aos princípios e metodologias de orientação. Esses princípios e metodologias devem estar baseados na rica experiência que as cidades latino-americanas têm adquirido no decorrer dos anos.
  • Utilizando Lima como exemplo, o autor analisa o significado do desenvolvimento sustentável e o modo como as organizações comunitárias de base podem contribuir para alcançá-lo nas megacidades. Atualmente existem demandas para que as cidades e países do hemisfério sul desenvolvam-se de maneira sustentável, embora as próprias nações do norte não façam isso. A "sustentabilidade" em escala global é então alcançável apenas às custas das pessoas que vivem na pobreza do hemisfério sul. O autor argumenta que a recente mudança em direção à estratégia de colocar os problemas e preocupações das megacidades do Terceiro Mundo de volta nas agendas nacionais e internacionais está mais fundada nas preocupações ambientais do que no desejo de combater a pobreza e a falta de serviços básicos. A fragmentação das questões e pessoas nos ambientes urbanos é vista como uma ameaça ao desenvolvimento genuíno, enquanto que as organizações comunitárias de base podem sugerir algumas maneiras de alcançar uma forma de desenvolvimento que integre as preocupações sociais e políticas e que sejam, portanto, sustentáveis. O artigo afirma que os "espaços públicos" são uma maneira de alcançar um modelo descentralizado para o desenvolvimento e democracia na megacidade, desde que eles tenham como base o conhecimento do indivíduo e da comunidade e uma visão de desenvolvimento e política.
  • As altas taxas de urbanização no hemisfério sul têm levado a um desenvolvimento insustentável em suas cidades. A forma de desenvolvimento que está ocorrendo é "parasita" no sentido de que exclui os pobres e segue o paradigma de desenvolvimento do hemisfério norte ao invés de seguir um modelo mais apropriado para as situações que o hemisfério sul enfrenta. O desenvolvimento sustentável é visto como uma forma de contrapor crescimento econômico com preocupações ambientais mas permanece a dúvida se isso é possível de ser alcançado uma vez que o impacto nos países do sul resultante de sua participação no mercado global tem se mostrado desastroso. Esse artigo destaca a necessidade da conscientização sobre a capacidade de "conduzir" e de "cuidar" de um país e argumenta que o trabalho em direção ao desenvolvimento sustentável precisa ser realizado a partir dos pobres. As Filipinas são um bom exemplo dessas preocupações, especialmente em relação às altas taxas de urbanização na Grande Manila, onde problemas ambientais e a falta de serviços têm levado à deterioração na qualidade de vida. Isso é visto pela autora como sendo responsabilidade de cinco grupos de poder que se sobrepõem - o Estado, o setor comercial, a igreja, a mídia e as agências humanitárias internacionais. Essas agências humanitárias citadas por último tendem a seguir o paradigma de desenvolvimento do hemisfério norte, o que coloca o hemisfério sul em uma posição vulnerável e força seus governos a agirem contra os interesses de seus países. Assim, é extremamente necessário que surja um novo paradigma de desenvolvimento que evite os erros do passado e melhore as perspectivas futuras para os pobres e para o meio ambiente.
  • O debate da corrente dominante sobre desenvolvimento urbano concentra-se no desenvolvimento urbano ou nas cidades sustentáveis e tende a deixar de lado as abordagens sobre desenvolvimento centradas nas pessoas. A corrente dominante trata de questões relacionadas ao crescimento econômico, enquanto a última abordagem trata dos problemas ambientais, excluindo as preocupações sobre desenvolvimento dos que vivem na pobreza. A nova perspectiva de Cidades Sustentáveis no hemisfério sul é uma "abordagem inclusiva", que traz a visão dos setores pobres e marginalizados para o centro da discussão e inclui todas as dimensões de desenvolvimento, de modo holístico e sinergético. O artigo apresenta tal visão de cidades sustentáveis na Índia e descreve atividades destinadas a alcançar essa visão.
  • Com 300 milhões de pessoas, a população urbana da Índia representa ainda menos de um terço do total de sua população. Projeta-se que até 2045 cerca de 800 milhões de indianos viverão em cidades - mais do que o total da população da Europa inteira atual. Atualmente, a infra-estrutura urbana de todas as seis mega cidades e 40 milhões de outras cidades da Índia já se encontram sob grande pressão. Os lençóis de água estão se esgotando rapidamente, a poluição vem alcançando níveis críticos, o sistema de transporte está confuso e os sistemas de esgoto e saneamento estão caóticos. Tudo isso está afetando a saúde e higiene pública. Essa situação explosiva não tem sido adequadamente considerada em nível nacional e internacional. Esse artigo analisa os programas e políticas adotadas até agora para corrigir a situação, identifica seus problemas e avalia as novas iniciativas que têm sido adotadas para tornar as cidades unidades de administração auto-sustentáveis e fornecedoras de serviços confiáveis.
  • A antiga cooperação internacional de apoio a projetos e programas urbanos, embora focalizando quase que exclusivamente as ações através de agências governamentais, tem se baseado em grandes mal-entendidos sobre as possibilidades limitadas da intervenção do governo e possui uma frágil ligação com as tentativas acadêmicas de conceitualizar os processos de urbanização. Os principais programas de cooperação urbana internacional, tais como nas áreas de transporte, saneamento e fornecimento de água, têm sido fragmentados e freqüentemente tornam-se insustentáveis em termos políticos, sociais e tecnológicos, mesmo a curto prazo. Estão emergindo novas iniciativas que realmente reconhecem a necessidade de se trabalhar com atores e colaboradores ao invés de governos e essas iniciativas estão produzindo resultados práticos muito diversos. Até agora, essas iniciativas permanecem limitadas e pouco trabalho tem sido realizado para desenvolver as implicações de se "promover" esse tipo de abordagem ou de criar um sistema coerente para buscar iniciativas de desenvolvimento urbano sustentáveis e efetivas.
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  • Até muito recentemente, o fluxo de capital privado para os países em desenvolvimento cresceu rapidamente. Com a crise financeira de 1997 do Leste Asiático, os investimentos estrangeiros diretos têm sido identificados como um ingrediente vital para restaurar e fortalecer as economias da região asiática e de outras regiões. Na tentativa de atrair capital externo e estimular o desenvolvimento econômico, países como as Filipinas têm avançado na adoção de políticas que permitam um maior acesso de investidores estrangeiros. Cada vez mais, a impressão é a de que o capital estrangeiro, fornecido através de empresas transnacionais, está pronto para substituir a ajuda humanitária oficial e promover o desenvolvimento econômico através dos benefícios sociais que lentamente se seguem. Esse artigo examina o papel de uma empresa transnacional chamada Alliance no desenvolvimento de Bohol, nas Filipinas, que seria resultante de uma proposta de tratamento e fornecimento de água, unindo as províncias da ilha de Bohol e Cebu. O resultado da pesquisa sugere que os objetivos econômicos tendem a receber mais prioridade frente ao desenvolvimento social. A empresa Alliance pareceu não se esforçar muito ao utilizar suas habilidades econômicas e técnicas para envolver e consultar as comunidades afetadas. Essa posição fez com que moradores ficassem de fora do processo de desenvolvimento e deu origem a um sentimento de desconfiança e ressentimento.
  • Em um setor altamente desregulado como o das ONGs, a Fundação Living Earth está pilotando um curso de aprendizado reconhecido externamente sobre Meio ambiente e Desenvolvimento de Comunidade, que faz parte de uma estratégia geral de capacitação das ONGs. O programa possui uma abordagem voltada para as necessidades, sendo que a estrutura e o oferecimento do curso são gerenciados através de consultas realizadas de maneira próxima com os próprios alunos. As vantagens de tal abordagem estão começando a se tornar aparentes aos alunos e estão divulgando o modo pelo qual a Fundação Living Earth promove um aprendizado com base nas comunidades.
  • A comunicação entre os colaboradores de projetos de ajuda internacional já é vista há muito tempo como problemática. Os autores desse artigo entrevistaram cinco diferentes colaboradores de um projeto chinês-australiano para analisar se (a) os colaboradores possuem pontos de vista globais diferentes ; (b) os produtores e agências doadoras vêem a agricultura como um sistema e (c) os colaboradores podem ser colocados em uma espiral de aprendizado, incorporando visões de sistema técnico-cêntricas, sócio-cêntricas e sócio-biológicas. Nessa amostragem, os colaboradores apresentaram visões distintas, onde apenas a agência doadora sustentava uma visão sistêmica balanceada. Agricultores que têm experimentado com formas de cultivo, por exemplo, estavam interessados nas vantagens em termos de volume de produção mas não na lucratividade ou nos possíveis benefícios ambientais que motivaram outros colaboradores. Percepções diferentes foram distribuídas em uma espiral de aprendizado, que foi utilizada como uma estrutura para reflexão sobre as medidas suplementares desejadas no processo de pesquisa e desenvolvimento, particularmente envolvendo uma administração coletiva que poderia criar um resultado mais inclusivo para todos os colaboradores.
  • Desde a queda da União Soviética, o governo da Geórgia tem lutado para oferecer serviços de saúde a uma população que está vivenciando a deterioração de seu sistema de saúde e ao mesmo tempo vem reestruturando e reformando a distribuição, prioridades, alocação de recursos e o foco geral desse sistema de saúde. As organizações humanitárias internacionais e de desenvolvimento da Geórgia podem aproveitar essa oportunidade histórica, servindo como auxiliadores e mentores no estímulo a um processo positivo de mudança social dentro dessa dinâmica de reforma. Esse processo, contudo, irá requerer estratégias e táticas amplamente inclusivas de atores internos e colaboradores e que podem ser colocadas em prática utilizando-se diversas abordagens participativas.
  • Quinze firmas egípcias produtoras de mercadorias e serviços foram divididas em dois grupos de acordo com seus método de finanças. Assim, ficou identificado um grupo de sete firmas islâmicas que dividem seus lucros versus um grupo de oito firmas não islâmicas. Entrevistados durante 1993 e 1994, os dois grupos foram identificados como sendo similares em suas relações com os consumidores, em termos de comportamento de mercado e em seu paternalismo com os funcionários. As firmas não islâmicas, contudo, tiveram uma taxa de lucro significativamente mais alta, enquanto que as firmas islâmicas pagaram um salário médio significativamente mais alto, sugerindo que as instituições culturais determinam o comportamento econômico mesmo em uma economia de mercado bem estabelecida.
  • O conceito de "comunidade" tornou-se moda no final do século vinte. Seu significado, contudo, está cada vez mais vago devido ao seu uso retórico na política e também nas áreas de desenvolvimento, gênero e meio-ambiente. Baseando-se na experiência da cidade de Mohlakeng e no Esquema de Serviço adotado entre 1990 e 1994, esse artigo examina algumas das implicações do uso flexível do termo `comunidade' na África do Sul.
  • Caso as mulheres tenham uma maior influência nas decisões sobre como gerenciar os recursos, é possível haver mais segurança em termos de subsistência e a criação de um meio ambiente sustentável na África? As evidências sugerem que a resposta a essa pergunta deve ser afirmativa. Poucas agências de desenvolvimento, contudo, realizam avaliações sistemáticas com dados desagregados sobre a questão de gênero, apesar da literatura existente sobre desenvolvimento descrever há quase duas décadas os riscos de não se fazer isso. Esse artigo explora justamente essa questão, utilizando análises de casos do Quênia, Nigéria, Malawi, Gâmbia e Ruanda, reunidos a partir de uma pesquisa literária de mais de 50 projetos sobre gerenciamento de recursos naturais em toda a África. Os autores destacam os fatores que facilitam o envolvimento efetivo de homens e mulheres no gerenciamento de recursos naturais e desenvolve indicadores para tornar mais claro o progresso alcançado em termos de impacto, processo e sustentação.
  • O autor argumenta que se as crianças recebessem mais atenção por parte dos doadores, isso poderia resultar em um uso mais efetivo dos recursos disponíveis para o combate à pobreza. Os serviços de assistência ao desenvolvimento, porém, deixam de lado algumas das necessidades mais prioritárias das crianças e não conseguem aproveitar as vantagens dos benefícios de longo prazo que seriam ganhos ao garantir às crianças o bem-estar físico e social. O artigo concentra-se especialmente nos ambientes de moradia das crianças que vivem na pobreza. Essa é uma área que recebe pouca atenção mas que é fundamental para a redução da pobreza. .
  • O desenvolvimento de uma sociedade civil depende da parceria entre governo, setor corporativo e representantes da sociedade civil. As ONGs participam do desenvolvimento da sociedade civil mas não possuem uma boa performance em relação aos outros parceiros pois não são independentes e raramente são representativas. Essas organizações necessitam desenvolver habilidades para vender suas causas e, assim, reduzir sua dependência, tornar-se mais transparente e enraizar-se dentro das sociedades nas quais operam.
  • As sociedades civis e as campanhas de base estão cada vez mais influenciando as políticas externas. Algumas dessas campanhas são conduzidas por grupos do hemisfério norte que são solidários com a luta do sul. Esse artigo analisa o papel do mártir como um fator motivante para a participação em grupos de solidariedade. Ele avalia os riscos de se confiar na imagem de um mártir, incluindo a discussão de uma controvérsia entre dois livros: Eu, Rigoberta Menchú e Rigoberta Menchú e a Estória de Todos os Pobres da Guatemala.
  • Cerca de quase metade da população mundial vive em áreas atingidas pela malária ou em lugares onde existe um grande risco da transmissão da doença. Avanços contra a malária continuam a ser conquistados apesar dos recursos serem limitados. Porém, quaisquer que sejam esses avanços biomédicos, eles irão tornar-se significativos apenas se puderem ser aplicados a essas áreas atingidas em grande escala. A complexidade de fatores humanos, parcialmente exemplificada nesse artigo, será crucial para que tal aplicação seja bem-sucedida. Seria lamentável se mais aspectos biomédicos da malária se tornassem conhecidos sem que houvesse um maior entendimento dos contextos humanos nos quais a doença ocorre e nos quais os avanços biomédicos têm de ser aplicados.
  • Muitos produtores agrícolas de países menos desenvolvidos não possuem informações abrangentes sobre os impactos severos e crônicos do uso de pesticidas sobre a saúde. Mesmo em pequenas doses, o uso de pesticidas pode causar problemas crônicos à saúde. Os resultados de uma pesquisa realizada entre os produtores de cana de açúcar em Fiji mostraram um significativo aumento das doenças entre os produtores que utilizam pesticidas comparado a um grupo que fazia uso controlado. Agências do governo, ONGs e grupos de doadores deveriam oferecer aos produtores informações sobre os riscos à saúde de curto e longo prazo na utilização de pesticidas. O acesso a mais informações irá permitir que os produtores tomem decisões racionais sobre os tipos de pesticidas que deverão utilizar ou se realmente devem utilizar algum tipo de pesticida. Do contrário, os países menos desenvolvidos deverão ter um aumento no nível de doenças crônicas acompanhando o aumento da produção agrícola.