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Volume 17
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Esta introdução apresenta os conceitos centrais que dão forma a esta edição especial sobre o impacto da violência e os processos de desenvolvimento na América Central e na América do Sul. O entendimento do desenvolvimento é considerado em termos mais amplos do que o contexto econômico isolado para avaliar aspectos sociais e políticos mais gerais. Com um escopo igualmente amplo, são abordadas formas de violência que vão desde lesões físicas diretas e ataques corporais até as agressões freqüentemente mais sutis de abuso racial ou a pressão das forças de mercado dominantes sobre a produção baseada na comunidade. Nestes contextos, a violência, iniciativas econômicas e lealdade política formam redes de conseqüência não intencionais e freqüentemente perigosas para as questões de desenvolvimento. Todos os artigos neste volume exemplificam mais os ambientes espaciais da violência e “paisagens de medo” diversas que moldam nossa existência e ajudam a definir nossas ações, territórios e compreensão do que acontece ao nosso redor. pp 713-724
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A partir de uma análise de pesquisa empírica recente na República Dominicana, este artigo aborda as maneiras pelas quais o racismo influencia o elemento de governança e explora respostas organizacionais e individuais diante da discriminação racial iniciada pelo Estado. O contexto é oportuno, dado os relatos de aumento constante de ataques racistas e violentos contra pessoas que são presumidamente de origem haitiana na República Dominicana nos últimos cinco anos. O governo tem intensificado as batidas militares e policiais de migrantes e colonos suspeitos de serem de origem haitiana e este artigo avalia as respostas coletivas e individuais frente a estas ações lideradas pelo Estado, analisando intervenções formais e informais, sua evolução, manutenção e impacto. pp 725-738
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Embora cada vez mais se reconheça que a violência, o crime e o medo associado estejam desafiando a governança democrática na América Latina, tem-se dado menos atenção às maneiras pelas quais as respostas do Estado ao crime contribuem para o problema. Analisando El Salvador como um estudo de caso, este artigo aborda três questões-chave interconectadas neste debate. Primeiramente, ele explora a dinâmica da violência. Em seguida, o texto identifica as gangues de jovens como atores violentos dentro deste contexto. Finalmente, o artigo aborda a resposta do Estado para o fenômeno crescente de gangues de jovens. Argumenta-se que as estratégias atuais, apelidadas de Mano Dura – Mão de Ferro – empregadas pelo governo salvadorenho servem para revelar a fragilidade do projeto democrático, revelando o lado do autoritarismo que permanece central na vida política salvadorenha no processo de transição da guerra civil para a paz. pp 739-751
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Uma parte da legislação progressiva de 1993 concedeu direitos à terra coletivos para comunidades negras da Colômbia que vivem nas áreas rurais da região costeira do Pacífico. Esta medida visou em parte apoiar estratégias de desenvolvimento sustentável na região por meio do empoderamento territorial de comunidades locais. Porém, 14 anos depois, a escalada dos conflitos internos do país na região do Pacífico tem criado níveis sem precedentes de deslocamento forçado entre as comunidades negras rurais. Antes conhecida como “refúgio da paz”, a costa Pacífica Colombiana é atualmente caracterizada por novos espaços de violência e terror, impostos por guerrilhas em luta e grupos paramilitares, assim como as forças armadas. Este artigo examina a natureza da violência externamente induzida na região e mostra como interesses econômicos específicos, em particular no setor de Palmas Africanas, estão conspirando com grupos ilegais que são utilizados para disseminar o medo e o terror entre residentes locais, para os fazer obedecer aos requisitos destes atores econômicos. pp752-764
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Embora as formas cotidianas de resistência não sejam novas na Argentina, a espontaneidade que caracterizou a insurreição em 19 e 20 de dezembro de 2001 foi sem precedentes. Ela mostrou como a ausência de liderança, coordenação e perspectivas podem abrir as portas para formas poderosas de mobilização e práticas radicais na democracia direta. A autora sugere que ao se desafiar o capitalismo e os paradigmas sociais que ele gera, os valores e práticas de contra-poder, auto-afirmação, coletividade e multiplicidade podem todos desempenhar um papel vital no sucesso e sobrevivência da democracia radical. O artigo é em grande parte inspirado pelos trabalhos da “Colectivo Situaciones”, uma coletivo autônomo de pesquisa em Buenos Aires, e recorre ao exemplo do Movimiento de Trabajadores Desocupados (MTD) Solano. Este movimento de trabalhadores desempregados luta contra o capitalismo e a violência do Estado, praticando constantemente uma espiral renovada de rebelião e criatividade. O artigo avalia seus sucessos, desafios e limitações no desenvolvimento do pensamento e prática democrática radical a partir da perspectiva de um observador participante. pp 765-774
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Advocacy no projeto de gás da Amazônia e de Camisea: implicações para ação pública não governamentalO artigo examina a advocacy internacional relativa à exploração de reservas de gás em uma área habitada por um grupo de indígenas isolados no Peru, o Machigengua. Uma considerável atividade de advocacy internacional concentrou-se principalmente em Washington, DC. Uma comunicação ruim entre aqueles diretamente afetados e ONGs ambientais internacionais ilustraram agendas muito diferentes e nem sempre compatíveis. O artigo conclui que este fracasso em adaptar o lobby internacional com as visões da população indígena e com as realidades políticas no Peru enfraqueceu severamente o impacto do trabalho de advocacy internacional. pp 775-783
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As traduções levantam dilemas éticos e epistemológicos inerentes na pesquisa inter-cultural. O processo de comunicar as palavras dos participantes de pesquisa em um idioma e um contexto diferentes pode impor um outro esquema conceitual em seus pensamentos. Isso pode reforçar os termos hegemônicos que os Estudos de Desenvolvimento deveriam buscar desafiar. O artigo explora a idéia de que uma abordagem reflexiva para a tradução não pode apenas ajudar a superar as dificuldades envolvidas na pesquisa inter-cultural, mas também ser uma ferramenta para desconstruir a teoria hegemônica. São abordados os problemas epistemológicos e políticos nas traduções, técnicas de tradução e o impacto da tradução na própria pesquisa do autor, que é utilizada para ilustrar algumas das maneiras pelas quais a tradução pode apoiar a desconstrução e destacar a importância do desenvolvimento de uma estrutura para se falar com, antes do que para os participantes da pesquisa. pp 784-790
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As fronteiras nacionais com ecossistemas que passam por rápidas mudanças impõem difíceis desafios para contribuições científicas a processos democráticos para a governança ambiental. Descrevemos um modelo inovador de divulgação, a “caravana de compartilhamento de conhecimento”, que combina divulgação educacional com mecanismos de capacitação para ampliar a participação do público no planejamento para o desenvolvimento sustentável. O esquema envolveu uma equipe internacional de cientistas e profissionais da área prática de organizações de conservação e desenvolvimento, que viajou por uma área de fronteira entre três nações no sudoeste da Amazônia para compartilhar descobertas recentes com líderes locais e comunidades interessadas de diversos municípios. A caravana de compartilhamento de conhecimento ampliou rapidamente a conscientização pública em diversos lugares e ofereceu uma maneira de ampliar a participação no planejamento e governança. Este modelo apóia o planejamento para o desenvolvimento sustentável e pode ser adaptado para outros contextos e assuntos geográficos. pp 791-799
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Embora a ênfase no pensamento atual sobre o trabalho com crianças de rua tenha mudado, passando da dependência de ajuda para o protagonismo de jovens, muitas organizações ignoram o papel das famílias das crianças em suas intervenções. Ao fazerem isto, elas reproduzem tradições de bem-estar obsoletas e também violam os direitos garantidos pela Convenção sobre os Direitos da Criança e a legislação nacional. Este artigo ilustra a importância da ligação criança–família, tanto para as crianças quanto para as famílias, e argumenta que as intervenções que carecem de envolvimento dos pais e famílias servem para reproduzir imagens de famílias mal-sucedidas e mães inadequadas. O autor apresenta uma abordagem alternativa a partir do Brasil que respeita os direitos e as necessidades das crianças e famílias por meio do empoderamento familiar. pp 800-806
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Este ensaio concentra-se nos pontos mais cruciais na evolução da contribuição de Celso Furtado para o pensamento econômico e político em relação ao desenvolvimento, na esperança de que um maior número de leitores apreciarão a importância de suas idéias para o “desenvolvimento” da América Latina durante as décadas de 1960 e 1970, e talvez até mesmo enxergarão o valor de revivê-las. Ela inicia com uma descrição do cenário para o crescimento da economia de desenvolvimento, destacando aspectos da disciplina que este notável economista brasileiro confrontou e transformou. Em seguida há uma descrição de seu período como teórico do desenvolvimento ou ‘vendedor de reformas” (Hirschman 1963) e seu exílio posterior (1964–1975). O artigo conclui com uma discussão de alguns dos trabalhos produzidos em seu retorno ao Brasil. pp 807-819
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Apesar de seu uso generalizado, o significado do termo 'desenvolvimento' permanece vago, tendendo a se referir a um conjunto de crenças e pressupostos sobre a natureza do progresso social em vez de algo mais preciso. Após apresentar um breve histórico do termo, o autor argumenta que não apenas o desenvolvimento falha em enfrentar a pobreza ou diminuir a distância entre ricos e pobres como, na verdade, ele amplia e aprofunda esta divisão e em última instância cria a pobreza, uma vez que recursos naturais e seres humanos estão cada vez mais sendo mobilizados para a busca de consumo e lucro. A sobrevivência do planeta dependerá do abandono da idéia enraizada de que o crescimento econômico pode promover a justiça social, o uso racional do meio ambiente ou o bem estar humano e de se abraçar a noção de que haveria uma vida melhor para todos se fossemos além do 'desenvolvimento'.
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Uma análise de palavras de seis documentos de políticas governamentais (White Paper) do governo do Reino Unido (selecionados entre 1960 e 2006) compara as 20 principais palavras e palavras-chave equivalentes utilizadas em cada documento. Compõem-se sentenças características das 20 palavras principais para representar o espírito de cada documento. Os resultados iluminam as mudanças no conteúdo dos White Papers sobre ajuda e apontam para tendências na história da abordagem do Reino Unido sobre o desenvolvimento internacional. Uma sentença característica para ilustrar a Declaração de Paris de 2005 sobre a Efetividade da Ajuda é contrastada com uma sentença de palavras que não apareceram naquele documento. Os leitores são convidados e desafiados a identificar palavras que eles gostariam que fossem utilizadas e servissem de base para mais ação no desenvolvimento.
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A idéia de redução da pobreza naturalmente atrai todos os tipos de indivíduos bem-intencionados – em ONGs, departamentos de governo e instituições financeiras internacionais – mas suas recomendações são frustradas por muitos obstáculos. Entre eles estão a maneira estreita e estática que os economistas definem os pobres; o distanciamento dos pobres, sua invisibilidade social e ambigüidade para as principais formas de se definição de metas e a ausência de vontade política para que haja engajamento em políticas de redução da pobreza. A resposta bem-intencionada a esses obstáculos tem sido a de alardear uma campanha global de redução da pobreza com metas do milênio, alvos de ajuda internacional e textos sobre estratégias de redução da pobreza. Seria melhor redescobrir a linguagem do risco, vulnerabilidade e seguro social. A mensagem da associação entre o risco e a recompensa e a necessidade coletiva de mecanismos sociais que permitirão que os indivíduos suportem maiores riscos sem exposição a prejuízos irreversíveis é uma mensagem que realmente necessita ser transmitida.
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O termo 'proteção social' tem sido amplamente utilizado em todo o mundo e é freqüentemente tratado como sinônimo de 'previdência social', o que é errôneo. Este artigo considera os numerosos termos que têm se tornado parte da linguagem da proteção social, indicando que a imagem expressa pelo termo é muito diferente daquela que o artigo considera.
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O termo 'globalização' é amplamente utilizado para descrever uma variedade de mudanças econômicas, culturais, sociais e políticas que têm influenciado o mundo nos últimos 50 e poucos anos. Por ser um fenômeno complexo e multifacetado, a globalização tem sido associada a uma ampla série de poderes e efeitos. Seus proponentes reivindicam que ela é um resultado 'natural' e inevitável do progresso tecnológico e cria uma positiva convergência econômica e política. Os críticos argumentam que a globalização é hegemônica e antagônica às economias locais e nacionais. Este artigo argumenta que a globalização é uma forma de expansão capitalista que acarreta a integração de economias locais e nacionais em uma economia de mercado global e desregulado. Embora econômica em sua estrutura, a globalização é igualmente um fenômeno político, influenciado por negociações e interações entre instituições de capital transnacional, Estados nacionais e instituições internacionais. Suas principais forças condutoras são instituições de capitalismo global – especialmente corporações transnacionais – mas ela também necessita de mãos firmes dos Estados para criar ambientes favoráveis para que ela se aprofunde. A globalização é sempre acompanhada por democracia liberal, que promove o estabelecimento de um Estado neo-liberal e políticas que permitem à globalização florescer. O artigo discute a relação entre a globalização e o desenvolvimento e destaca que alguns dos pressupostos mais comuns promovidos por seus proponentes são contraditórios frente à realidade da globalização; e que mais da metade da população do globo resiste à globalização porque ela não é capaz de cumprir suas promessas de bem-estar econômico e progresso para todos.
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Este artigo questiona o uso crescente do termo 'baseado na fé' em políticas e práticas de desenvolvimento. Argumenta-se que ele homogeniza as pessoas em migrantes minoritários e contextos de países em desenvolvimento e exclui muitos que estão trabalhando por direitos humanos e justiça social a partir de perspectivas seculares, fornecendo assim uma base analítica infundada para políticas. Em relação ao cenário da 'guerra ao terrorismo', a autora também examina as diferenças entre as políticas de desenvolvimento dos EUA e da Grã-Bretanha que surgem do termo 'baseado na fé'.
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A participação era originalmente concebida como parte de uma abordagem contra-hegemônica para uma transformação social radical e, como tal, representou um desafio ao status quo. Paradoxicalmente, durante as décadas de 1980 e 1990, a 'participação' ganhou legitimidade dentro do mundo de desenvolvimento institucional até o ponto de alcançar o status de modismo. As manipulações precisas necessárias para transformar uma proposta radical em algo que poderia servir à ordem mundial neoliberal levaram à decapitação política da participação. Reduzida a uma série de pacotes e técnicas metodológicas, a participação perdeu lentamente seu significado filosófico e ideológico. Para fazer com que a abordagem e a metodologia auxiliem o processo contra-hegemônico da resistência e transformação de base, esses significados precisam imensamente ser recuperados. Tal resgate demanda que a participação seja rearticulada dentro de processos mais amplos da luta social e política para promover a recuperação da transformação social no mundo do capitalismo do século vinte e um.
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Este artigo discute os diferentes significados que a cidadania tem assumido na América Latina nas últimas décadas. Seu principal argumento é que, na perversa confluência entre os projetos neoliberais e projetos participativos democráticos, a referência comum à cidadania, utilizada por diferentes atores políticos, projeta uma aparente homogeneidade, obscurecendo as diferenças e diluindo o conflito entre aqueles projetos.
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Este artigo traça a evolução por séculos do conceito e prática do empoderamento, sua adoção por movimentos sociais radicais, especialmente movimentos de mulheres a partir da década de 1970, e sua conversão, no final da década de 1990, em um modismo. Situando a análise no contexto de intervenções de empoderamento de mulheres na Índia, o artigo descreve a dinâmica da despolitização e subversão de um processo que desafiou as estruturas mais profundas do poder social. A 'redução' e limitação do conceito dentro da política do Estado, o diminuição do financiamento de estratégias de empoderamento genuínas de base e a substituição do empoderamento por microfinanças e quotas políticas são examinados e analisados.
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Em paralelo com a globalização e como complemento a ela, o 'capital social' tem apreciado uma ascensão meteórica nas ciências sociais nas últimas duas décadas. Como era de se esperar, ele tem sido particularmente notório entre os estudos de desenvolvimento, inclusive por meio da forte promoção feita pelo Banco Mundial. Como conceito, porém, como tem sido argumentado persistentemente por uma literatura crítica minoritária, o capital social é fundamentalmente equivocado. Embora capaz de abordar quase tudo designado como social, ele tem tendido a negligenciar o Estado, as classes, o poder e o conflito. Como um modismo, ele tem fortemente limitado a presente ruptura progressiva em relação aos extremos do neoliberalismo e pós-modernismo em uma época de ataques extremamente agressivos do imperialismo econômico. O capital social não deve ser ignorado mas contestado – e rejeitado.
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Este artigo baseia-se em entrevistas com diversos funcionários de ONGs localizadas em San Cristóbal de Las Casas, Chiapas, México, a respeito de parcerias entre elas e suas fontes de financiamento, tais como fundações ou agências do hemisfério norte que realizam ou apóiam trabalho de desenvolvimento no hemisfério sul. O motivo por trás das entrevistas era um interesse na palavra 'parcerias', em particular as parcerias estratégicas. Existem parcerias agora e, em caso afirmativo, o que significa para as ONGs ter uma parceria com uma fonte financiadora? A conclusão geral foi a de que as parcerias estratégicas existiram realmente no passado e podem novamente surgir no futuro, mas que atualmente elas existem apenas esporadicamente, dadas as maneiras distintas de ver e realizar o trabalho de desenvolvimento dentro de ONGs, de um lado, e das fundações ou agências, de outro.
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Este artigo reflete sobre o vocabulário comumente utilizado dentro de organizações de desenvolvimento para comunicar sobre 'gênero e desenvolvimento'. Argumenta-se que a terminologia relevante, embora freqüentemente utilizada, permanece problemática. Alguns termos estão quase totalmente ausentes, enquanto outros sejam usados de maneira livre e inapropriada – freqüentemente sem a precisão de conceitos cuidadosamente desenvolvidos e bastante debatidos. Termos como 'empoderamento', 'gênero' e 'gender mainstreaming' (integração sistemática da questão de gênero), que se originaram no pensamento e ativismo feministas, têm perdido suas origens e se tornado despolitizados. Apesar destes problemas, existem indicações de que os debates e a linguagem podem estar tomando um rumo mais radical com o reconhecimento das falhas das práticas de integração sistemática da questão de gênero, o aprofundamento do interesse na noção de empoderamento e a adoção explícita de uma linguagem de direitos humanos.
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Como um 'termo de fronteira' totalmente efetivo, capaz de conectar grupos desiguais com base em uma ampla agenda comum, a 'sustentabilidade' tem avançado um longo caminho desde sua associação técnica com a gestão florestal na Alemanha no século dezoito. Nas décadas de 1980 e 1990, o termo definiu – para um momento histórico em particular – um debate-chave de importância global, trazendo com ele um coalizão de atores – entre governos, grupos civis, academia e negócios – em talvez uma moda sem paralelo. Se esses atores concordem com tudo (ou mesmo se conhecem muitas vezes alguma coisa das definições técnicas do termo) não é o ponto. O trabalho de fronteira realizado em nome da sustentabilidade criou um momento importante para a inovação de idéias, mobilização política e mudança de políticas, particularmente em conexão com a Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED) realizada no Rio em 1992. Tudo isso logicamente não resultou em tudo que os defensores no centro de tais redes tinham imaginado, e hoje o debate avançou, com diferentes questões de prioridade e novos atores e redes. Mas, o autor argumenta, essa mudança não diminui o poder da sustentabilidade como um modismo: enquanto um ponto de encontro de idéias e políticas continuamente poderoso e influente.
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Este artigo oferece uma genealogia intelectual de como o conceito de direitos humanos foi inserido no discurso sobre desenvolvimento—desde a formulação de um 'direito ao desenvolvimento', a incorporação retórica de direitos dentro do discurso predominante, até a articulação de uma 'abordagem baseada em direitos' para o desenvolvimento. O texto conclui com algumas propostas sobre o papel importante que um enfoque nos direitos poderia desempenhar na prática de desenvolvimento internacional.
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A idéia de sociedade civil tem se mostrado muito evasiva, fugindo de enquadramentos conceituais e esquivando-se da definição firme do próprio conceito. Ressurgido em um cenário histórico muito definido, de Estados autoritários, o conceito de sociedade civil passou a significar um conjunto de práticas sociais e políticas que buscaram engajar-se com o poder do Estado. A ligação próxima entre a re-emergência do conceito e o colapso dos Estados ditatoriais tornou a sociedade civil atrativa para uma variedade de agentes políticos buscando agendas diferentes: expandindo o mercado às custas do Estado, transitando das políticas de massa para campanhas limitadas a uma questão e exclusivas, destruindo a confiança em modelos aceitos de representação como partidos políticos e em geral reduzindo o domínio do Estado e do modelo aceito de política. Que o conceito de sociedade civil possa adequar-se a tal variedade de projetos políticos diferentes é motivo de um certo alarme, pois ele pode muito bem significar que a sociedade civil passou a significar tudo para todos remotamente interessados nela.
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A advocacy pública e a centrada nas pessoas são influenciadas pala cultura política, sistemas sociais e estrutura constitucional do país no qual elas são praticadas. É a prática de advocacy que determina a teoria e não vice-versa. Se a advocacy não estiver enraizada em realidades de base e for praticada apenas no nível macro, a voz dos marginalizados cada vez mais, provavelmente, será apropriada por elites profissionais. Contudo, a própria credibilidade dos praticantes da advocacy depende de seu relacionamento com movimentos de massa e percepções de base sobre o que constitui uma mudança social desejável.
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As associações que o termo 'ONG' tem adquirido no discurso de desenvolvimento precisam ser criticamente analisadas em relação a práticas de base. Recorrendo a uma análise do crescimento de ONGs na Palestina, o autor sugere que o desenvolvimento do movimento de ONGs serviu para desmobilizar a sociedade civil palestina em uma fase de luta nacional. Por meio da profissionalização e dependência de projetos ocasionadas por tentativas financiadas por doadores para promover a 'sociedade civil', um processo de 'ONGuização' tem ocorrido. A progressiva despolitização do movimento de mulheres que a 'ONGuização' tem promovido tem criado um vácuo cada vez mais preenchido pela militância do Movimento Islâmico (Hamas). Como mostra esse caso, as 'ONGs' podem ser um modismo de desenvolvimento, mas elas não são um pó mágico. Em vez de tomarem como dados os efeitos positivos e democratizantes do crescimento e disseminação de ONGs como se elas representassem a própria 'sociedade civil', esse artigo afirma que uma abordagem mais crítica é necessária, uma abordagem que leve mais em conta as políticas de contextos específicos e das dinâmicas da institucionalização.
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Este artigo focaliza o papel que as ONGs de desenvolvimento possuem na capacitação institucional, argumentando que várias práticas de ONGs convencionais visam no fundo reter poder em vez de empoderar seus parceiros. Isso leva a uma visão limitada e a uma accountability que olha para cima em vez de uma que mire de cima para baixo ou horizontalmente, baseada no pressuposto de que a transferência de recursos é um processo de uma via. Na pior das hipóteses, isso prejudica em vez de fortalecer as capacidades das organizações que as ONGs estão tentando ajudar. Compartilhar responsabilidades e riscos, accountability mútua e dedicação no longo prazo em vez de projetos de curto prazo são provavelmente mais capazes de criar parcerias que possam resistir às vicissitudes e contribuir para mudanças duradouras.
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A harmonização dos esforços de doadores é um dos modismos atuais no mundo da ajuda oficial. Contudo, embora essa seja uma idéia atrativa em teoria, enquanto os doadores não reconhecerem e enfrentarem as operações de poder nas relações da ajuda humanitária, a harmonização provavelmente será countraprodutiva na promoção de respostas iniciadas localmente aos desafios de desenvolvimento.
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O termo 'propriedade nacional' (country ownership) refere-se a uma propriedade da condicionalidade anexada a programas, processos, planos ou estratégias envolvendo uma parte 'doméstica' (geralmente um Estado-nação) e uma parte estrangeira (geralmente o FMI, o Banco Mundial, os Bancos de Desenvolvimento Regional e outras instituições multilaterais e bilaterais). Sob quais circunstâncias e como pode o conceito de propriedade de uma nação ser relevante a um país com uma miríade de visões e interesses heterogêneos e freqüentemente conflitantes? Ou a um país cuja legitimidade representativa do governo ou credenciais democráticas estejam em questão? O autor argumenta que o termo tem sido abusado a tal ponto que ele, na melhor das hipóteses, tornou-se sem valia e na pior das hipóteses, tornou-se pernicioso: um termo cujo tempo já se foi.
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Nesta breve crítica da idéia de 'melhor prática', o autor argumenta que a boa prática não é reproduzível ou uniforme; ela não pode ser reduzida a suas partes componentes para a reprodução em algum outro local. Além disto, os critérios para o que constitui a 'melhor prática' são, na melhor das hipóteses, não-científicos e tendem a desincentivar a diversidade e as experimentações locais.
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O conceito de construção da paz (peacebuilding) é um modismo da abordagem dominante sobre a política e as práticas de desenvolvimento. A recente introdução de ferramentas gerenciais e o enfoque na medição da 'efetividade' da construção da paz têm marginalizado e despolitizado questões críticas sobre as causas de conflitos violentos e têm substituído-as por noções confortantes para doadores de que a paz pode ser construída e medida sem contestar o entendimento ocidental da economia, governança e aspirações sociais das pessoas.
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Os conceitos de transparência e accountability estão intimamente ligados: transparência supostamente gera accountability. Este artigo questiona este pressuposto amplamente aceito. A transparência mobiliza o poder da vergonha, embora a falta de vergonha possa não estar vulnerável à exposição pública. A verdade freqüentemente falha em conduzir à justiça. Após explorar definições e dimensões diferentes das duas idéias, a questão mais relevante passa a ser: quais tipos de transparência levam a quais tipos de accountability e sob quais condições? O artigo conclui propondo que o conceito pode ser desagregado em termos de duas variantes distintas. Transparência pode ser tanto 'clara' quanto 'opaca', enquanto accountability pode ser tanto 'suave' quanto 'rígida'.
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Este artigo trata das formas com que a corrupção tem ocupado o centro das atenções em muito da formulação e da retórica das políticas de desenvolvimento. Argumenta-se que há necessidade de desestabilizar pressupostos 'assumidos como óbvios' sobre o que é corrupção e como ela opera. Isso significa gerar uma compreensão de como os significados variam, e com essa variação é determinada pelas características sociais daqueles engajados na conversa sobre corrupção. Isso também significa examinar como os discursos de corrupção e anti-corrupção são traduzidos dos níveis internacionais para os nacionais e locais – da 'elite' anti-corrupção para as realidades de encontros burocráticos em contextos diversos.
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O conceito de boa governança originou-se entre acadêmicos africanos em relação às relações Estado-sociedade na África, expressando a preocupação que essas fossem em favor do desenvolvimento, democráticas e socialmente inclusivas. O termo tem sido desde então assimilado pelas organizações de desenvolvimento internacionais – em particular o Banco Mundial – e usado como um novo título para a condicionalidade da ajuda humanitária, em particular o ajuste estrutural em todas as suas manifestações.
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Este artigo examina os vínculos entre desenvolvimento e 'segurança', situando esses conceitos dentro de seus contextos filosóficos e políticos, particularmente em relação às guerras contemporâneas, incluindo a 'guerra ao terrorismo' e a assim chamada 'influência da segurança' no desenvolvimento. A segurança de Estados não necessariamente assegura que a segurança de seus cidadãos e o próprio conceito de segurança é complexo e contestado. O autor oferece um sumário das várias interpretações de segurança – dos Estados, coletividades e indivíduos – mostrando como cada uma é ambivalente e possui dois lados.
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Desde a década de 1990, os Estados que não possuem capacidade de realizar suas funções normais e promover o desenvolvimento têm sido chamados de 'Estados frágeis'. Este artigo trata da África, que não somente reúne a maior concentração de protótipos de Estados frágeis como também tem sido o foco de atenção de acadêmicos, agências internacionais de desenvolvimento e ativistas. O autor resenha as análises divergentes do Estado na África pós-colonial e conclui que suas características de instituições frágeis, desigualdades sociais, corrupção, conflito social, conflitos armados e guerra civil não são condições originais, mas antes enraizadas em contextos históricos específicos. É essencial entender tanto os fatores externos quanto os internos da fragilidade, se tais Estados forem receber a assistência e o empoderamento que necessitam – não somente para o benefício dos cidadãos pobres, mas também para a causa da paz global, prosperidade e segurança. Em última instância, são os cidadãos dos países envolvidos que são responsáveis por determinar quando os Estados deixam de ser frágeis – não doadores 'benévolos' e a comunidade internacional, cujo motivação primária para as intervenções, supostamente para fortalecer o Estado, é para assegura que os Estados frágeis encontrem seus lugares 'certos' na ordem hegemônica global.
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Este artigo examina a 'gestão de conhecimento', utilizando um estudo de caso do departamento de pesquisa do Banco Mundial, localizado em sua Vice-Presidência de Economia do Desenvolvimento. A despeito do Banco apresentar seu ramo de pesquisa como conduzindo um trabalho 'rigoroso e objetivo', o autor sustenta que a 'gestão de conhecimento' do Banco Mundial envolve pesquisa que tem tendido a reforçar a agenda dominante de políticas globalizantes neo-liberais. O artigo discute alguns dos mecanismos pelos quais o departamento de pesquisa do Banco assume um papel central no que Robert Wade denominou 'manutenção de paradigma', incluindo incentivos na contratação, promoção e publicação, bem como cumprimento seletivo de regras, desestímulo de vozes dissonantes e manipulação de dados. A análise do autor é baseada em entrevistas extensas com profissionais antigos e atuais do Banco Mundial e na análise da literatura relevante.
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Este artigo apresenta alguns dos resultados-chave do Projeto de Reconciliação Sul-Africano (SARP). O SARP foi um projeto de pesquisa colaborativa envolvendo cinco ONGs sul-africanas em Malauí, Moçambique, Namíbia, África do Sul e Zimbábue. Ele examinou como o conceito de reconciliação foi entendido em contextos políticos e da comunidade no sul da África e investigou as formas pelas quais políticas governamentais nacionais e a participação da sociedade civil nas iniciativas de reconciliação têm criado e/ou executado oportunidades de reconciliação, justiça de transição e a promoção de uma cultura de direitos humanos. O autor resume o contexto histórico da reconciliação no sul da África, apresenta iniciativas de reconciliação em cada país e identifica debates emergentes sobre reconciliação e princípios da reconciliação que emergiram no trabalho das organizações da sociedade civil (CSOs) na região.
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Nos últimos anos, tem havido um interesse renovado no conceito de sociedade civil nos círculos de desenvolvimento e governança. Geralmente entendida como o espaço na sociedade onde ocorre ação coletiva dos cidadãos, a sociedade civil tem, na verdade, se mostrado um conceito extremamente difícil de se definir e operacionalizar. Este artigo propõe uma estrutura e metodologia para medir e comparar o estado das diferentes sociedades civis em todo o mundo. Ele conclui com uma discussão das questões e desafios de destaque, recorrendo a idéias preliminares dos esforços atuais para aplicar a abordagem em mais de 50 países.
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Este artigo propõe uma estrutura teórica, o Paradoxo da Capacitação, que define o trabalho de relacionamento individual como a base para a capacitação. Ele explica por que a capacitação tem sido até agora, em grande parte, mal-sucedida. O “trabalho de relacionamento” é central para as funções dos que trabalham na área prática. Ele consiste em “trabalho dependente” e “trabalho de amizade”, sendo o trabalho de amizade sinônimo de capacitação. Para realizar o trabalho de relacionamento, os atuantes na área prática requerem poder para superar os obstáculos ambientais. Recursos financeiros surgem como a influência ambiental predominante, freqüentemente estimulando os atuantes na área prática a utilizarem o trabalho dependente em vez do trabalho de amizade. Isto resulta em uma redução da capacidade e não contribui para o desenvolvimento sustentável. A maior parte da literatura atual oferece ferramentas organizacionais e institucionais para capacitação. Embora exista um crescente reconhecimento da centralidade dos relacionamentos pessoais neste trabalho, não existe ainda uma estrutura teórica dentro da qual alocá-lo. O artigo apresenta uma pesquisa original das experiências das pessoas sobre o trabalho de capacitação em um contexto de desenvolvimento e propõe um modelo conceitual que pode ter implicações importantes para a prática de capacitação.
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Este artigo apresenta idéias baseadas na aplicação da técnica de Mudança Mais Importante (MSC) como um método de monitorar mudança social resultante de uma intervenção de desenvolvimento. A documentação desta inovadora técnica de monitoramento qualitativo está lentamente crescendo, mas está principalmente limitada à literatura cinzenta. Em particular, existe uma falta de investigação rigorosa para avaliar as complexidades e desafios de se aplicar a técnica com integridade no contexto de desenvolvimento. Os autores empregam um modelo conceitual de práticas de monitoramento e avaliação (o “Ciclo de Dados de M&E”) para um exame sistemático dos desafios da aplicação bem-sucedida da técnica de MSC e os seus componentes-chave. Eles oferecem uma análise detalhada de como a MSC foi empregada em dois projetos em Laos, extraindo as lições aprendidas e idéias geradas. Esta informação baseada na prática pode servir de base para o emprego futuro da técnica de MSC e contribui para o seu desenvolvimento.
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Este artigo extrai lições preliminares a partir da experiência de engajamento de elites do vilarejo em apoio a um programa da BRAC para mulheres ultra-pobres na zona rural de Bangladesh. Ele descreve as origens, objetivos e operação deste programa, que oferece apoio abrangente de meios de subsistência e bens produtivos aos extremamente pobres. Com base na pesquisa de campo na zona rural do noroeste do país, o artigo examina as condições sob as quais as elites podem apoiar as intervenções para os ultra-pobres e os riscos e benefícios de tal engajamento. Ele descreve o impacto de comitês enviados para apoiar participantes do programa de ultra-pobres e tentativas de entender o sucesso de um certo modo paradoxal desta intervenção. As conclusões e lições desta experiência envolve o reexame dos pressupostos que dominam bolsas de estudo e programas relativos às políticas de pobreza na zona rural de Bangladesh.
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Os mercados e negócios estão passando por grandes mudanças conforme a globalização se aprofunda. A pressão de diversos grupos sociais, tanto ambiental quanto econômica, está mudando o ambiente operador. Muitas corporações estão interessadas em criar estratégias de responsabilidade social, tanto como resposta a pressões externas quanto em função de seus próprios interesses. Contra este pano de fundo, o artigo considera o caso da Inditex, companhia baseada na Galícia, e o “assédio” ao qual ela foi submetida pela Setem, representante espanhola da Campanha Roupas Limpas (CCC). A revisão das reivindicações da Setem leva a uma melhor compreensão das repercussões para os sistemas sociais que são agora cada vez mais informados por atores externos. Os autores argumentam que tanto as corporações quanto as organizações não-governamentais devem prestar conta pelo impacto social de suas atividades.
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O Camboja embarcou em um processo de descentralização e democratização, inclusive com o estabelecimento de Conselhos eleitos das Comunas no início de 2002. Dada a falta de uma tradição de incentivar a participação cívica em assuntos públicos, contudo, houve inicialmente uma pequena conscientização geral de como se engajar com esses Conselhos. Os autores descrevem um projeto apoiado pelo Ministério do Desenvolvimento Rural e a agência bilateral alemã, GTZ, e realizado com organizações locais não-governamentais, para identificar e apoiar grupos de comunidade ativos e melhorar sua capacidade de interagir com os Conselhos das Comunas, ao mesmo tempo buscando formas dos Conselhos das Comunas apoiarem os diferentes grupos.
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Os bancos de arroz estão cada vez mais sendo utilizados no sudeste da Ásia como uma forma de abordar crises de alimentos sazonais que as comunidades pobres enfrentam. Apesar da visão geral da efetividade dos bancos de arroz gerenciados pela comunidade em melhorar a segurança alimentar, não tem havido quase nenhuma pesquisa sobre a sua efetividade em alcançar os mais pobres ou os prospectos da sustentabilidade conectada a pagamentos regulares do arroz. Em relação a Laos, buscou-se responder estas questões através da mobilização da comunidade, formando regras e regulamentos para incentivar a participação dos mais pobres, desenvolvendo ferramentas e procedimentos simples em linha com a capacidade existente da comunidade e desenvolvendo maior capacidade da comunidade. Outros desafios permanecem, tais como a mudança da mentalidade de 'alívio' que prevalece, garantindo a participação das mulheres e estabelecendo esquemas de poupança regulares para aumentar a efetividade e sustentabilidade dos bancos de arroz.
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Este artigo descreve as Plataformas de Aprendizado, um esforço estruturado da agência holandesa SNV para incentivar seus consultores especialistas a engajarem-se na leitura e análise de pesquisa acadêmica relacionada ao contexto no qual eles trabalham e realizar suas próprias pesquisas. Embora a habilidade dos atuantes na área prática de aplicar sua pesquisa à sua prática diária e a habilidade da organização de absorver os resultados da pesquisa como parte de suas próprias formas de trabalhar terem sido parciais ou limitadas, a abordagem possui o potencial de reunir esforços acadêmicos e baseados na prática de maneira que sejam mutuamente benéficas.
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A gestão baseada em resultados (RBM) está bem estabelecida como ferramenta de desenvolvimento para a prática de desenvolvimento internacional. Embora após uma década de uso, muitos agentes da área prática do desenvolvimento viram a RBM sob uma luz negativa, considerando-a como um requisito de doador que desvia tempo, energia e recursos do trabalho de desenvolvimento que realmente está sendo feito. Este artigo oferece algumas reflexões amplas sobre a RBM a partir de um ponto de vantagem distinto: a perspectiva do avaliador do projeto (ou programa). O artigo reflete sobre os desafios associados à RBM e extrai destas reflexões várias estratégias sugeridas para melhorar seu uso. Ele conclui que os atuantes na área prática do desenvolvimento precisam ser mais agressivos na implementação da RBM.
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O artigo identifica desafios e oportunidades para a robusta indústria de café de Uganda no contexto da crise do café global. Ele apresenta uma avaliação qualitativa e quantitativa de estratégias de desenvolvimento através das quais a Uganda poderia promover sua maior commodity de exportação. É sugerido que a Uganda se beneficiaria do aumento moderado da produção robusta, embora um maior declínio na produção poderia prejudicar seu próprio preço atual no mercado. Pode também haver benefícios importantes associados com o aumento do valor da robusta indústria ugandense através de melhorias na qualidade.
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Limitados em grande parte pela falta de recursos – técnico, financeiro, legal e/ou administrativo – governos em países em desenvolvimento freqüentemente criam estruturas de gestão de várias camadas para regularizar e monitorar recursos protegidos.Tais estruturas são criadas quando organizações não-governamentais são dadas a autoridade para monitorar e /ou gerenciar certos aspectos de um recurso indígena ou natural protegido. Outros aspectos, freqüentemente regulatórios, permanecem sob a gestão do governo. Utilizando estudos de caso de Belize e Malásia, a pesquisa relatada aqui sugere que as estruturas de gestão de várias camadas criadas entre ONGs e governos nos países em desenvolvimento freqüentemente incentivam um monitoramento caótico, políticas reativas e conflitos sobre jurisdição, assim como recursos de dependência sobre recursos técnicos, financeiros e/ou recursos legais de ONGs.
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Este artigo baseia-se na pesquisa que explorou e analisou o papel em potencial das diásporas na ajuda de desenvolvimento nos Países Baixos. A pesquisa adotou a hipótese de que as agências de desenvolvimento poderiam beneficiar-se do conhecimento, habilidades e visões das diásporas enquanto “agentes de desenvolvimento” e assim tornar a ajuda mais efetiva e sustentável. Os dados foram derivados de entrevistas semi-estruturadas com representantes de diásporas residindo nos Países Baixos; ONGs holandesas selecionadas pelo governo holandês por seus programas de capacitação; doadores oficiais, a saber: Ministério Holandês de Relações Exteriores (Ministerie van Buitenlandse Zaken); e organizações internacionais, tais como a Organização Internacional de Migração (IOM). Dados secundários derivaram-se de uma revisão da literatura.
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Este artigo descreve a fase exploratória e preparatória de um projeto de pesquisa destinado a utilizar uma pesquisa cooperativa como método para pesquisa de ação transformadora e participativa nas relações entre doadores e recebedores em dois países em desenvolvimento, Bolívia e Bangladesh. O texto descreve as origens de nossa idéia, os desafios conceituais que enfrentamos na busca por financiamento e o que aprendemos com essa primeira fase. Analisamos por que os pesquisadores, assim como os sujeitos em potencial da pesquisa, não estavam à vontade com a metodologia proposta, inclusive os desafios surgidos de nossas próprias posições e a natureza altamente sensível do tópico. Explicamos por que decidimos abandonar o projeto e chegamos a algumas conclusões preliminares a respeito das opções para aprendizado e pesquisa sobre ação participativa na prática de desenvolvimento.
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Superando desafios para as demandas da saúde do ecossistema para se acabar com as barreiras disciplinares e profissionais. Através de reflexão sobre um projeto de pesquisa e desenvolvimento para abordar preocupações relacionadas a pesticidas no norte do Equador, esse artigo apresenta os desafios enfrentados e as acomodações feitas, que vão desde o recrutamento de funcionários até avaliações, atividades educacionais com a comunidade e mobilização para mudança de política. Ao fazer isso, ela expõe problemas subjacentes a paradigmas e processos que surgem ao reunirem-se pesquisadores e praticantes de desenvolvimento, assim como o papel problemático da defesa de direitos que está associado com iniciativas conjuntas envolvendo agricultura, saúde, pesquisa e desenvolvimento.
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O chiclete natural representa apenas 3.5 por cento do total do mercado de chicletes, que é dominado por chicletes sintéticos feitos a partir de hidrocarbonos. Contudo, um interesse recente em estratégias de meios de subsistência sustentáveis tem criado oportunidades para intensificar a comercialização de chiclete para um mercado que é ainda pequeno, de nicho. A produção de chiclete pode ajudar a aumentar a conservação da floresta e oferecer emprego regular àqueles dependentes de recursos florestais, como parte de uma série de atividades sustentáveis. Contudo, a produção e comercialização do chiclete natural têm enfrentado diversos problemas sérios: produtores no México têm se organizado sob formas que os levam a ser explorados por instituições intermediárias e estatais, e os processos de certificação para o comércio orgânico e comércio justo são difíceis de manejar e caros. Este artigo sugere várias maneiras de lidar com esses problemas.
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Entre 1994 e 2003, o Acordo TRIPS (Acordo sobre Aspectos de Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio) da OMC foi refinado para permitir flexibilidade no uso de licenças compulsórias para importar e exportar variedades “genéricas” de produtos farmacêuticos, inclusive drogas antiretrovirais para o tratamento de HIV/AIDS. Após resumir esse processo e avaliar suas implicações práticas para os países em desenvolvimento, o artigo insere brevemente o regime atual em um contexto de mais longo prazo da proteção institucional de patentes na Grã-Bretanha e Europa datando do século dezenove. O trabalho mostra como tal modelo, que beneficia grandes detentores de patente, continua a estar presente nos TRIPS. O artigo prossegue para demonstrar a continuidade da influência corporativa sobre o Estado como expresso nas condições “TRIPS-plus”, que estão aparecendo nos acordos de livre comércio bilaterais entre os EUA e países em desenvolvimento individuais ou grupos regionais. Esse conjunto de medidas que constitui obstáculos institucionais à disponibilidade sustentável de drogas baratas, no momento e no futuro, apresenta sérios problemas para operações futuras da cadeia de abastecimento para diversos medicamentos importados e, no caso do HIV/AIDS, com implicações negativas para a efetividade clínica de longo prazo das drogas mais amplamente utilizadas.
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Esse artigo revê metodologias atuais para a elaboração de projetos de desenvolvimento e identifica razões básicas para conflito entre propostas e métodos participativos. Várias abordagens alternativas para os modelos de intervenção em sistemas sociais são examinadas e explora-se a aplicação potencial de algumas dessas novas idéias dentro de um processo que é baseado na racionalidade comunicativa. Concluímos que existem diversos problemas s serem superados antes de descrever uma metodologia de modelo completo que se move a partir da base objetivista de sistemas existentes. Sustenta-se também que a nova abordagem precisará abordar as relações de poder e os problemas conseqüentes e inter-relacionados de accountability e confiança.
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A accountability das ONGs de desenvolvimento internacional (ONGIs) tem atraído muito interesse de acadêmicos e praticantes do desenvolvimento. A accountability das ONGIs enquadram-se em duas categorias: accountability prática (para o uso de contribuições, a forma como as atividades são desempenhadas e para resultados) e accountability estratégica para a forma como as ONGIs estão atuando em relação à sua missão. Esse artigo apresenta uma estrutura conceitual para explorar a accountability das ONGIs. Ele está baseado em informações coletadas através de uma revisão da literatura e entrevistas com representantes de 20 ONGIs situadas no Reino Unido. A pesquisa descobriu que as ONGIs tendem a utilizar vários mecanismos de avaliação de qualidade para alcançar accountability “prática”. Contudo, a pesquisa sugere que esse tipo de accountability não necessariamente permitirá que as ONGIs alcancem suas metas de aliviar a pobreza e eliminar a injustiça. Além disto, o uso predominante de accountability prática tem levado a várias lacunas na accountability das ONGIs. Sugere-se que, como o período de participação antes dela, a accountability tem sido cooptada por seus benefícios instrumentais para o desempenho e gerenciamento de projeto das ONGIs. Argumenta-se que para as ONGIs alcançarem sua missão, exigir-se-á mais formas “estratégicas” de accountability adequadas para modificar de maneira fundamental as estruturas sociais, econômicas e políticas que promovem a pobreza.
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Andries Du Toit (2004) argumenta que o conceito de exclusão social tem uso limitado no campo dos estudos de desenvolvimento, uma vez que a pobreza crônica resulta freqüentemente da incorporação sob termos particularmente desvantajosos (incorporação adversa) em vez de qualquer processo de exclusão. Du Toit, portanto, clama para irmos além da visão da “exclusão” e “inclusão” em termos binários e analisarmos mais de perto como os diferentes tipos de poder são formados e mantidos. Este artigo argumenta que o pensamento sobre exclusão social já ultrapassou uma simples dicotomia incluído /excluído e que o uso da estrutura analítica de Sen ajuda os pesquisadores a desenredar os fatores complexos e interconectados que estão por trás da pobreza crônica, tais como aqueles enfrentados por trabalhadores agrícolas do distrito de Ceres, do Cabo Ocidental da África do Sul.
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Neste breve Ponto de Vista, o autor argumenta que o entendimento comum sobre a expectativa média de vida em qualquer país não é uma medida apropriada em relação ao desenvolvimento. pois entre a população afetada pela AIDS, ela não consegue diferenciar entre períodos de vida significativamente diferentes dependendo se uma pessoa contrai a doença ou não.
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As redes internacionais para mudança social estão crescendo em número e influência. Embora elas precisem ser capazes de avaliar até que ponto elas alcançam seus objetivos e determinar maneiras de serem mais efetivas, os métodos de avaliação convencionais não são destinados a formas organizacionais tão complexas, ou para os tipos diversos de atividade aos quais elas são caracteristicamente dedicadas. Baseando-se em uma versão anterior do artigo, os autores apresentam um conjunto de princípios e abordagens participativas que são mais apropriadas para a tarefa de avaliar tais redes.
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Este artigo discute o papel dos animais em sistemas de pequena escala na produção de culturas agrícolas/animais na Ásia. Ele examina como os animais podem ser utilizados geralmente em vários propósitos em vez de um único ou de um duplo uso, sendo a segurança também um elemento importante. Produtores rurais podem ser estimulados a produzir mais carne e leite quando outras formas de segurança, como bancos, são considerados igualmente confiáveis. A multicultura é o sistema predominante da produção de plantas na região, com a plantação de leguminosas complementando plantações de não-leguminosas. Isso também traz benefícios para o solo. Sistemas multiculturais são intensivos em mão-de-obra, mas em um contexto em que o trabalho não é um problema, dispositivos que economizam mão-de-obra não oferecem solução. Os animais na agrofloresta são discutidos em detalhes, com ênfase em pastagem de animais em plantações de coco e óleo de palma. Cientistas de animais asiáticos deveriam dedicar mais tempo explorando os papéis da multicultura e de animais na agrofloresta.
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A morbidade e a mortalidade relacionadas à AIDS afetam não apenas os indivíduos e suas famílias, mas estão rapidamente destruindo a capacidade de luta para o desenvolvimento de Estados africanos. Deter os impactos da pandemia, então, tem se tornado uma grande preocupação. Isso exige abordar as questões de cuidado e suporte àquelas pessoas afetadas e ampliar o acesso de pessoas que vivem com o HIV/AIDS a um tratamento efetivo. A provisão de tal medicação complexa em cenários de recursos limitados é um fenômeno bastante recente. Neste contexto, o artigo baseia-se em experiências emergentes do campo na identificação de questões e desafios que precisam ser abordados para facilitar a intensificação do tratamento de HIV/AIDS na África.
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Neste estudo, o Perfil do Estilo de Vida de Promoção da Saúde foi utilizado para comparar comportamentos que promovem a saúde em três grupos de pessoas cronicamente doentes sendo tratadas como pacientes não internos em clínicas e hospitais em Fiji, Nauru e Kiribati. Diferenças significativas foram observadas entre homens e mulheres e entre grupos no que diz respeito a práticas e atitudes quanto à responsabilidade com a saúde, atividade física, nutrição e gestão de stress. Profissionais da saúde e educadores devem desenvolver formas de transmitir a mensagem de estilos de vida saudáveis a populações que não dão muita atenção a métodos de educação em saúde convencionais.
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Este relatório resume um projeto de ação-pesquisa participativa combinando conceitos da área de gestão de desenvolvimento com a prática em saúde mental internacional. A pesquisa foi conduzida na Estônia, Quirguistão e Romênia. O modelo de política-como-processo é central para a compreensão da gestão de desenvolvimento mas não é familiar para organizações que estão trabalhando com saúde mental, mesmo aquelas que atuam a partir de em um nível comunitário, de uma perspectiva de baixo para cima para influenciar a política de saúde mental. Ao mesmo tempo, a prática e aprendizado do campo de saúde mental e modelos radicais de empoderamento de usuário têm recebido pouca atenção dos gerentes de desenvolvimento. A pesquisa relatada aqui descobriu que o modelo de política-como-processo foi útil para ativistas de saúde mental e que ele forneceu uma estrutura alternativa aos conceitos de políticas mais tradicionais, de cima para baixo e prescritivos, possibilitando assim que as perspectivas múltiplas, os conflitos resultantes de valores diferentes e as dinâmicas de poder que caracterizam entendimentos e práticas em saúde mental fizessem sentido. Entre as recomendações do texto está uma campanha para ligações mais próximas entre o ativismo em saúde mental e a gestão de desenvolvimento, assim como uma transferência de conhecimento, entendimento e experiência entre as duas disciplinas.
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Existe praticamente um consenso de que a pobreza é multidimensional. Contudo, medidas “econômicas” ou de renda/despesa/monetária da pobreza ainda possuem um status mais elevado nos indicadores e políticas-chave de desenvolvimento: A Meta de Desenvolvimento do Milênio número um (MDG) é a de um dólar-por-dia; o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o Índice de Desenvolvimento de Gênero (IDG) do Programa de Desenvolvimento da ONU (UNDP) utilizam pesos que favorecem muito fortemente o PIB per capita. Além disso, a renda per capita de pobreza é geralmente o foco principal nos Documentos sobre Estratégia de Redução de Pobreza. Este artigo preocupa-se com essa aparente contradição entre o consenso sobre o significado da pobreza e a escolha de métodos com os quais medir a pobreza na prática. Apresenta-se um breve histórico do significado e da medida da pobreza e argumenta-se que, embora o determinismo “econômico” tenha gradualmente retrocedido de seu lugar central no significado da pobreza, ele continua a dominar a medida da pobreza. Em seguida, há uma seção que contrasta os méritos relativos das medidas “econômicas” e “não econômicas” da pobreza. A questão é colocada: por que as medidas “econômicas” da pobreza ainda têm um status mais elevado do que as medidas não-econômicas?
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A desigualdade de gênero é agora amplamente reconhecida como um importante fator na disseminação e enraizamento da pobreza. Esse artigo examina o Relatório de Desenvolvimento Mundial 2000/01 como o anteprojeto do Banco Mundial para abordar a pobreza no século vinte e um, juntamente a vários documentos mais recentes sobre Estratégia de Redução da Pobreza (PRSPs), visando analisar a maneira pela qual o gênero é incorporado no processo de realização de política e se constitui numa nova abordagem para o gênero e pobreza. Argumenta-se que é improvável que a abordagem do Banco Mundial sobre a pobreza implemente justiça de gênero porque continua havendo grandes discrepâncias entre as políticas econômicas e sociais que ela prescreve. Mais especificamente, afirma-se que o Banco emprega uma abordagem integracionista que aprisiona as questões de gênero dentro de paradigmas de desenvolvimento existentes sem tentar transformar uma agenda de desenvolvimento geral cujo objetivo principal é o crescimento econômico como algo oposto à eqüidade. Estudos de caso do Camboja e Vietnã são utilizados para ilustrar esses argumentos.
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A pobreza e a forma pela qual ela é pesquisada são grandes preocupações para diversos cientistas sociais. Este artigo apresenta maneiras diferentes de pesquisar a pobreza urbana na África Subsaariana (SSA), concentrando-se em métodos qualitativos e nas diferentes formas com que eles podem ser utilizados para colher dados. Foram extraídos exemplos de pesquisa de campo realizada em áreas urbanas da República Democrática do Congo (antigamente Zaïre) para ilustrar as formas pelas quais métodos e técnicas diferentes de pesquisa são utilizados no campo e como um pesquisador poderia organizar a coleta de dados.
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A preocupação que orienta o debate atual sobre a extensão agrícola concentra-se cada vez mais naquilo que pode ser feito para ajudar os produtores rurais a aprender como lidar com o mundo complexo ao redor deles de maneira responsável e lucrativa de tal forma que o trabalhador de extensão seja um auxiliar. Esse artigo busca desconstruir e oferecer uma avaliação mais fundamentada dos serviços de extensão agrícola através de uma reflexão sobre paradigmas de desenvolvimento, educação de adultos, empoderamento individual e pluralismo institucional. Questionando as dimensões éticas subjacentes da extensão agrícola, é possível desenvolver um paradigma alternativo e assim gerar novas idéias sobre o tema. O artigo conclui que a razão de ser da extensão agrícola hoje em dia deve ser a de criar uma base ética que garanta que as práticas de extensão sejam mais inclusivas e assim mais sensíveis às necessidades dos produtores rurais e de outras populações rurais, integrando expectativas individuais ao ambiente sócio-econômico, cultural, político e geográfico mais geral.
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Esse artigo revê estratégias de prevenção iniciadas e implementadas por ONGs em todo o globo para abordar o tráfico sexual feminino. Ele apresenta as bases conceituais para medidas anti-tráfico em geral e medidas de prevenção em particular antes de apresentar um conjunto representativo de programas e abordagens sendo implementados atualmente. As autoras identificam algumas das lacunas aparentes nessas respostas e fazem recomendações para melhorar a implementação de estratégias de prevenção. O artigo conclui que as medidas de prevenção anti-tráfico devem ser habilmente integradas a práticas atuais de desenvolvimento comunitário e que, por essa razão, planejadores de desenvolvimento local e global devem tornar-se mais cientes dessa questão e das ações estratégicas necessárias para abordá-la.
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Afirma-se freqüentemente que as ONGs e o contexto mais geral de desenvolvimento são intrinsecamente diferentes de outros contextos organizacionais dentro dos quais acredita-se que o Desenvolvimento de Recursos Humanos (DRH) desenvolve um papel importante. Neste artigo, o autor apresenta os conceitos básicos que sustentam o desenvolvimento humano dentro das organizações e desenvolvimento organizacional e aponta os argumentos para um maior investimento nas pessoas. Embora isso possa suscitar questões éticas e práticas nas organizações que dependem de fundos externos em vez de gerar sua própria renda, o fracasso em desenvolver os funcionários dos quais uma organização de desenvolvimento em última instância depende gera muito mais riscos. A gestão e especificamente o DRH não são atividades de escritório que podem ser buscadas através da aplicação de protocolos e sanções, mas requerem visão, liderança e engajamento prático.
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Este artigo discute o papel que as ONGs desempenham, não em sua função tradicional de prestadoras de serviço, mas como empregadoras no mercado de trabalho egípcio. Durante as duas últimas décadas, as ONGs têm oferecido oportunidades de emprego atrativas a profissionais da classe média que estão desiludidos com o setor privado e não estão mais interessados em fazer parte da burocracia estatal. As condições de trabalho de um número cada vez maior de empregados das ONGs e como as ONGs se saem como empregadoras não têm sido investigadas pela substancial literatura acadêmica e de políticas relativas a ONGs, que até agora tem se preocupado quase que exclusivamente com o relacionamento das ONGs com seus “beneficiários” em vez de sua posição enquanto agentes ativos em um mercado de trabalho em mutação.
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Este artigo discute o significado do desenvolvimento a partir de uma perspectiva pós-desenvolvimento, baseada em um estudo de caso de um projeto de criação de cabras envolvendo uma pequena comunidade de produtores rurais de uma cidade rural no nordeste do Brasil. O projeto de desenvolvimento estava repleto de visões conflitantes de desenvolvimento quando buscou impor uma visão intervencionista, etnocêntrica e modernista do que era melhor para a comunidade, até mesmo estipulando como os produtores rurais deveriam trabalhar juntos. A interpretação modernista tem sido criticada sob vários ângulos, mas mesmo assim continua a condicionar a maneira como a “indústria de desenvolvimento” define seus valores e enxerga sua missão.
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O projeto político de igualdade de gênero na África tem tido destaque e obtido muitas conquistas. Contudo, tais conquistas têm se limitado em grande parte ao trabalho de “grandes” mulheres nos contextos burocráticos públicos e privados nos quais existe um comprometimento maior com a igualdade de gênero. Argumenta-se que no contexto de Camarões, enquanto essas “grandes” mulheres não renovam seu compromisso com suas irmãs de base, a experiência de igualdade de gênero permanecerá em grande parte desigual. Apenas uma ligação forte entre trabalhadores de escritório e mulheres menos privilegiadas vencerá esse abismo.
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Este artigo argumenta que os esforços para o desenvolvimento da África podem ser imensamente expandidos tanto por um aumento em seu poder de barganha quanto por uma demonstração mais sincera de generosidade por seus parceiros comerciais, em particular os países desenvolvidos. Essa generosidade implica não colocar condições ou restrições nos produtos da África, particularmente nas exportações agrícolas, e eliminar subsídios rurais em países desenvolvidos. A menos que isso seja realizado, as concessões feitas a países africanos permanecerão meramente simbólicas.
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Este artigo oferece um estudo de caso sobre uma substituição temporária de funcionários de uma ONG do hemisfério norte (Trócaire) para um parceiro do hemisfério sul, a Comissão Católica de Desenvolvimento (CADECOM) de Malauí, como um possível modelo para capacitação. A abordagem descrita foi tentada no contexto de um programa de emergência mas poderia também ser utilizada em um contexto de desenvolvimento. O artigo analisa a adequação do modelo em termos de sua estrutura administrativa, foco e impacto e tentativas de extrair lições para funcionários da área prática para a sua aplicação bem-sucedida.
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Embora não fazendo parte do currículo nacional até 2004, a educação sobre HIV/AIDS tem sido ensinada há algum tempo em escolas secundárias de Uganda através de várias formas extracurriculares, inclusive através da mídia, grupos de jovens, teatro, música e Associações de Pais e Mestres. Este artigo identifica e avalia a integração de informações sobre HIV/AIDS no currículo nacional em escolas secundárias de Uganda entre 2002 e 2004, com base nos pontos de vista de professores administradores e estudantes de 76 escolas.Embora a maioria das escolas não inclui a questão do HIV/AIDS como parte do currículo nacional formal nesse período, as informações foram disseminadas através de uma série de medidas alternativas. O artigo identifica a mais efetiva delas, discute as reações percebidas dos vários participantes (stakeholders) em relação ao HIV/AIDS sendo ensinado em escolas secundárias e faz recomendações sobre reforma curricular.
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Esse artigo descreve as experiências de uma pequena ONG de Bangladesh no uso de ferramentas orientadas para atores com o fim de concentrar-se em pessoas e parcerias-chave no planejamento, monitoramento e avaliação de projeto. A abordagem tem ajudado a identificar intervenções que são específicas ao contexto, aproveitando agentes locais e redes indígenas e sensíveis às limitações enfrentadas pelos mais pobres. Como resultado, a ONG tem mantido afastada de uma agenda orientada externamente para se tornar uma organização mais atenciosa e sensível. Ao desenvolver a abordagem, a ONG encontrou alguns problemas devido à sensibilidade política a respeito da representação de conexões. Isso destaca a importância do uso dessas ferramentas de uma forma politicamente ciente, positiva e reflexiva.
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O cultivo flutuante tem se mostrado uma maneira bem-sucedida de produção de colheitas agrícolas em diferentes áreas pantanosas do mundo. Em lagos de água fresca e pântanos de Bangladesh, vegetais, flores e mudas são plantadas utilizando-se essa técnica de cultivo flutuante, sem nenhuma irrigação adicional ou fertilizante químico. Nenhum estudo detalhado dessa técnica de cultivo indígena foi publicada até o momento, embora o método de laboratório, hidropônico, seja documentado na literatura profissional. Nosso estudo está concentrado na natureza e características do sistema de Bangladesh, onde produtores rurais locais têm demonstrado o potencial do uso sustentável de tais recursos hídricos locais de propriedade comum. Buscamos estabelecer um ponto de referência para pesquisa adicional sobre essa técnica para o seu possível refinamento e uma avaliação de sua adequação para sua reprodução.
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Baseado no interesse contemporâneo de desenvolver novos programas de alfabetização de adultos com base na “alfabetização para meios de vida”, este artigo examina alguns estudos de caso da Nova Zelândia, Bangladesh e Egito sobre a alfabetização sendo utilizada em meios de subsistência e relaciona-os ao tipo de alfabetização que está sendo ensinada em diversos programas de alfabetização de adultos atualmente. O artigo destaca que as pessoas freqüentemente modificam seus meios de vida e que cada meio de subsistência possui práticas de alfabetização inseridas nele. O artigo sugere que o uso dessas práticas de alfabetização inseridas nas atividades dos meios de vida poderia ser um melhor ponto de partida para a alfabetização de adultos do que um livro-texto escolar.
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Parte da ajuda da Nova Zelândia às nações da Ilha do Pacífico ocorre na forma de bolsas de ensino superior. Os estudantes que recebem as bolsas estudam em instituições de ensino superior em todo o Pacífico, inclusive na Nova Zelândia. Mas o que acontece quando eles retornam para casa, adequando-se novamente à sua cultura e à vida familiar e encontrando emprego? A pesquisa descrita neste artigo explorou essa questão em relação às mulheres graduadas de Vanuatu quando elas retornaram após estudar no exterior por três anos ou mais. Algumas se adaptaram facilmente e encontraram emprego rapidamente, outras enfrentaram um profundo choque de cultura ao retornar e demoraram muitos meses para encontrar um emprego adequado. Para que Vanuatu faça o melhor uso possível das qualificações dessas mulheres no ensino superior e para que os doadores alcancem os objetivos de seu esquema de bolsas de estudo, são necessárias algumas mudanças, entre elas um suporte mais coordenado e estudos de acompanhamento regulares.